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Bolsonaro é uma imitação de Trump, diz Lula a TV norte-americana
O presidente declarou estar convencido de que ‘nem todo mundo que votou em Bolsonaro segue o bolsonarismo’


O presidente Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira 10 que a divisão na sociedade norte-americana é “tão grave quanto no Brasil” e estabeleceu comparações entre Jair Bolsonaro (PL) e Donald Trump. As declarações foram concedidas em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN International.
O petista se reuniu nesta tarde com o senador norte-americano Bernie Sanders, em Washington. O parlamentar é uma das principais referências da esquerda do Partido Democrata.
Nas próximas horas, Lula se encontra com representantes da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais e com o presidente Joe Biden. A agenda entre os dois presidentes ocorrerá no Salão Oval da Casa Branca e, em seguida, no Cabinet Room.
“Aqui também há uma divisão, tão grave quanto no Brasil. Democratas e republicanos estão muito divididos”, afirmou o presidente na entrevista, acrescentando que o Brasil não tem “uma cultura de ódio”.
Segundo Lula, “nunca poderíamos imaginar que em um país que era o símbolo da democracia no mundo alguém pudesse tentar invadir o Capitólio”.
A viagem ocorre pouco mais de um mês após o ataque de terroristas bolsonaristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Em janeiro de 2021, os Estados Unidos sofreram uma ação semelhante, quando partidários de Donald Trump depredaram a sede do Poder Legislativo.
À CNN norte-americana, Lula chamou Bolsonaro de “fiel imitação de Trump” e disse “eles não gostam de sindicatos, do setor de negócios, de trabalhadores, de mulheres e de negros”.
O petista declarou, porém, estar “convencido de que nem todo mundo que votou em Bolsonaro segue o bolsonarismo”.
Na pauta do diálogo entre Lula e Biden estarão temas como democracia e meio ambiente, com a sombra de Bolsonaro como pano de fundo. O ex-capitão teve uma relação próxima com Trump e fria com Biden. Assim, o democrata quer aproveitar a mudança de governo no Brasil para estreitar laços entre as duas grandes economias das Américas, começando pelo meio ambiente.
Funcionários do governo americano anteciparam que a crise climática será “uma prioridade absoluta” no encontro do Salão Oval. Washington pode anunciar o início da contribuição para o Fundo Amazônia, administrado pelo Brasil para a luta contra o desmatamento.
A guerra entre Rússia e Ucrânia também fará parte das discussões. Biden lidera as iniciativas ocidentais para apoiar Kiev, convencido de que é necessário fornecer ajuda diplomática, armas e treinamento militar. Já o Brasil, ao lado de países como Índia e África do Sul, reluta em enviar armas ao governo de Volodymyr Zelensky.
Lula afirma estar “preocupado” com o conflito, mas não quer participar direta ou indiretamente. Ele propõe a criação de um “grupo de países que sentem à mesa com Ucrânia e Rússia para tentar alcançar a paz”.
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