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Bolsonaro diz que solução para inflação é ‘ter fé, resiliência e coragem’
Ex-capitão discursava para uma convenção de pastores da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira ao revelar que não tem um plano para a crise econômica
O presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu nesta sexta-feira 27 não ter um plano para conter o avanço da inflação galopante, bem como para resolver outros problemas econômicos que assolam o Brasil, classificados por ele apenas como ‘dificuldades’. Em discurso na convenção de pastores da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira, em Goiânia, o ex-capitão disse que a saída da crise econômica neste momento é ‘ter fé, resiliência e coragem’.
“Aqui não tem desabastecimento, temos dificuldades. Mas qual a solução para isso [inflação e crise econômica]? É a resiliência, ter fé, ter coragem, acreditar. Por muitas vezes, ou quase sempre, é dobrar os joelhos e buscar uma alternativa. Pedir uma alternativa”, afirmou Bolsonaro.
Pouco antes, voltou a mentir sobre a situação econômica do País, afirmando aos pastores que o Brasil é um dos que menos sofreram com alta de preços e outros problemas, como o desabastecimento, durante a pandemia. Na prática, no entanto, o Brasil amarga a quarta pior inflação dos membros do G20, conforme mostrou CartaCapital.
Levantamento da Trading Economics, plataforma que reúne e analisa os dados oficiais de quase 200 países, demonstra que, além da inflação brasileira ser a quarta maior entre as nações do G20, é e a sexta pior do continente americano.
No G20, vivem situação pior que a brasileira apenas a Turquia, cuja inflação em 12 meses chega a 69,97%, a Argentina (58%) e a Rússia (17,8%). A quinta colocada na lista é a Holanda, cujo índice de inflação em 12 meses, já atualizado em abril, é de 9,6%.
Ao analisar apenas o continente americano, o ranking demonstra que a inflação mais alta é a da Venezuela, com acumulado em 12 meses de 222%. Atrás vêm Suriname (61,5%, com dados atualizados em janeiro), Argentina (58%), Haiti (23,95% até janeiro) e Cuba (23,3% até janeiro). Em sexto lugar vem o Brasil, seguido pelo Paraguai (11,8%, já atualizado em abril).
Ao fim deste trecho do discurso, Bolsonaro afirmou ainda que pretende ‘deixar na mão de Deus’ os problemas econômicos que considera serem impossíveis de serem resolvidos. Ele não elencou, no entanto, quais itens estariam nessa lista.
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