Bolsonaro diz que governo deve favores a empresários: ‘É duro ser patrão no Brasil’

Presidente não citou o saldo negativo de empregos registrados pelo Caged , nem os mais de 13 milhões de desempregados apontados pelo IBGE

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu-se com empresários em evento organizado nesta terça-feira 7 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No discurso, o ex-capitão disse que seu governo ‘deve favores’ a empresários e voltou a afirmar ‘que é duro ser patrão’ no Brasil. O evento foi transmitido nos canais oficiais do governo e contou com a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Como é duro ser patrão no Brasil, eu sei disso. O salário é pouco para quem recebe e muito para quem paga”, disse o presidente sem considerar que o País, em 2020, registrou uma queda de 20,1% na renda média dos brasileiros, de acordo com um levantamento da FGV.

“O que nós procuramos fazer desde o início do governo com nossos ministros? Facilitar a vida de vocês. Vocês não devem nenhum favor a nós. Nós é que somos devedores de favores a vocês, quem emprega são vocês”, acrescentou Bolsonaro.

Esta não é a primeira vez que Bolsonaro faz lamentos em apoio ao empresariado brasileiro. Em diversas ocasiões repetiu declarações semelhantes. Aos apoiadores no cercadinho do Alvorada, já ‘prometeu’ criar um programa para que ‘quem reclama do patrão possa criar sua própria empresa e pagar salários de 10 mil reais’. Em tom de ironia, diz que só assim verão a real dificuldade em oferecer bons salários e direitos trabalhistas.

O presidente então continuou sua ode aos empresários no evento, alegando serem eles os responsáveis pela ‘massa de empregados que gera riqueza no Brasil’. No discurso, Bolsonaro não citou o saldo negativo de empregos registrados pelo Caged após a última revisão de dezembro, nem os mais de 13 milhões de desempregados apontados pelo IBGE.

Ainda sobre o tema, o ex-capitão voltou a atacar sindicatos e pregar contra a legislação trabalhista, da qual seu governo é ferrenho opositor.


“Alguém quer a volta do imposto sindical? Alguém quer um ativismo em cima da sua legislação trabalhista?”, questionou em tom eleitoreiro de quem busca de apoio do empresariado.

“Olha o perfil das pessoas que eu, em lista tríplice, encaminhei para o Tribunal Superior do Trabalho. Será que se fosse outra pessoa, de outro perfil, como estaria o TST? Propenso a que lado? Ou isento?”, seguiu perguntando a plateia.

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