Política
Bolsonaro diz à PF que não determinou inserção de dados falsos sobre vacinas; Cid depõe nesta semana
A oitiva do ex-capitão, realizada nesta terça-feira 16, durou mais de três horas


O ex- presidente Jair Bolsonaro afirmou à Polícia Federal, nesta terça-feira 16, não ter ordenado a inserção de dados falsos sobre vacinas no ConecteSUS. A oitiva ocorreu na sede da Polícia Federal em Brasília, no âmbito da investigação sobre um suposto esquema de adulteração de cartões de imunização. O ex-capitão teria se beneficiado da fraude.
Detalhes sobre o teor do depoimento, que durou mais de três horas, foram revelados pela TV Globo. Os investigadores buscam saber se Bolsonaro tinha conhecimento do esquema e se partiu dele a ordem para incluir no sistema do Ministério da Saúde os dados falsos sobre a imunização contra a Covid-19. As informações foram apagadas dias depois.
As respostas de Bolsonaro à PF lançam ainda mais expectativas sobre a oitiva do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, prevista para a próxima quinta-feira 18. Cid é um dos seis presos na Operação Venire, deflagrada na semana passada.
Além de Bolsonaro e da filha Laura Bolsonaro, foram emitidos certificados de vacinação com dados falsos em nome de Cid, da esposa dele e das três filhas do casal.
A enfermeira Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe da Central de Vacinação de Duque de Caxias (RJ), afirmou em depoimento à PF ter emprestado sua senha para o secretário de Governo da cidade, João Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente.
Silva disse ter compartilhado sua senha por não ver “qualquer má-fé” no pedido do secretário e acreditar que a mudança nos dados seria “idônea”.
A informação inserida no sistema em 21 de dezembro de 2022 é de que Bolsonaro teria tomado duas doses de vacina (em agosto e em outubro). Em 22 de dezembro, um certificado de vacinação do ex-capitão foi emitido dentro do Palácio do Planalto. Cinco dias depois, após uma nova emissão, o usuário em nome da servidora apagou o registro do sistema, sob a justificativa de um “erro”.
Cláudia Silva declarou à PF não conhecer João Brecha pessoalmente e sustentou que o pedido para ajudá-lo partiu de sua chefe, a secretária de Saúde, Célia Serrano.
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