Mundo

Bolsonaro distorce declaração de Merkel e mente sobre lockdown na Alemanha

Segundo ele, a chanceler alemã disse que ‘os efeitos do fechar tudo são muito mais graves que os do vírus’; afirmação não é verdadeira

Jair Bolsonaro e Angela Merkel. Fotos: Evaristo Sá/AFP e MICHAEL KAPPELER/Pool/AFP
Apoie Siga-nos no

Para voltar a atacar o distanciamento social contra a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro distorceu declarações da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que recuou da imposição de medidas mais duras de restrição da circulação na Semana Santa.

“A Angela Merkel ia ter um lockdown rigoroso lá e cancelou, pediu desculpas. Ela falou lá, segundo a imprensa, que os efeitos do fechar tudo são muito mais graves do que os efeitos do vírus”, disse o presidente na porta do Palácio da Alvorada nesta quinta-feira 25.

A afirmação de Bolsonaro não é verdadeira. Ao justificar o recuo, Merkel afirmou que o “espaço de tempo” para execução do plano seria curto demais.

 

“A ideia de uma paralisação na Páscoa foi elaborada com as melhores intenções, porque precisamos urgentemente desacelerar e reverter a terceira onda da pandemia”, disse a chanceler. “No entanto, a ideia foi um erro. Havia boas razões para optar por ela, mas ela não pode ser implementada suficientemente bem nesse curto período de tempo”.

Merkel anunciou a decisão após realizar, na última quarta-feira 24, uma videoconferência com os 16 governadores dos estados da Alemanha, que são responsáveis por impor e retirar as restrições.

Segundo a líder alemã, mesmo sem a paralisação da Páscoa, as decisões que tomou com os governadores oferecem uma “estrutura” para combater a nova onda de infeções pelo novo coronavírus.

Ministro da Saúde e vice seguem Bolsonaro

Em entrevista coletiva concedida nesta quarta, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, descartou a adoção de um lockdown nacional para conter a dramática escalada de casos e mortes pelo novo coronavírus.

“Ninguém quer lockdown. O que temos, do ponto de vista prática, é de adotar medidas sanitárias eficientes que evitem o lockdown. Até porque a população não adere ao lockdown. Vacina é importante, mas o uso de máscaras é fundamental. Precisamos usar máscaras e manter um certo distanciamento”, afirmou em entrevista coletiva.

Nesta quinta, o vice-presidente Hamilton Mourão também se manifestou contra um confinamento em todo o Brasil. Não vejo condições de lockdown nacional, que é algo que está sendo discutido. Um País desigual como o nosso, isso é impossível de ser implementado. Vai ficar só no papel. Eu julgo que essas medidas restritivas têm que ficar a cargo dos governadores e prefeitos, porque cada um sabe como que está a situação na sua área”.

Com informações da Deutsche Welle

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo