Bolsonaro desdenha de agressão a enfermeiros e diz “cala a boca” a jornalistas

Com a audiência da claque, Bolsonaro mandou jornalistas calarem a boca ao ser questionado sobre troca da PF no Rio de Janeiro

(Foto: Reprodução/Facebook)

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Em mais um dia de aparições orquestradas em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro desdenhou, nesta terça-feira 05, das denúncias de agressão que enfermeiros sofreram após um protesto em Brasília e mandou uma jornalista “calar a boca” por fazer uma pergunta.

Como de praxe, um grupo de apoiadores do presidente estava aglomerado esperando pela passagem de Bolsonaro – ato repreensível devido à pandemia de coronavírus. A maioria não usava máscara, assim como o presidente. Uma das presentes alega que estava no protesto dos enfermeiros, no dia 01 de maio, e diz que havia apoiadores “infiltrados” que foram para cima de um grupo de profissionais da saúde, como é possível ver no vídeo abaixo. Em resposta, Bolsonaro diz que a mídia superdimensionou o fato com intuito de “tirá-lo do poder”.

 

“Vocês não entenderam como é essa imprensa que tá aqui… mandei levantar se tem corpo de delito, não tem. Se houve agressão, [foi] verbal. Houve um superdimensionamento disso por conta da mídia. É um interesse deles, um sonho tirar a gente daqui”, diz o presidente ao grupo de pessoas.

Em seguida, após ouvir mais eleitores que se dizem empenhados em combater o comunismo, Bolsonaro partiu para o ataque contra a imprensa, que o aguardava no local ao lado.

“Pessoal, jogo rápido aqui, só vou falar uma coisa e vou embora: manchete da Folha – novo diretor da PF [Polícia Federal] assume e acata pedido de Bolsonaro. Que imprensa canalha a Folha de SP. O atual superintendente do RJ… para onde é que está indo? Pra ser o diretor-executivo da PF. E eu tô trocando ele? Isso é uma patifaria.”, reverberou. Quando os jornalistas tiveram a intenção de reafirmar a pergunta, Bolsonaro mandou-os “calar a boca” – e foi aplaudido pelos grupo de apoiadores.

Na segunda-feira 04, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Souza, decidiu trocar a chefia da superintendência do Rio de Janeiro, data em que tomou posse como substituto de Maurício Valeixo. Atual comandante do estado, Carlos Henrique Oliveira foi convidado para ser o diretor-executivo, um cargo abaixo do que ocupava. Foi por Valeixo que ele havia chegado ao posto de superintendente.

Trocar a superintendência do Rio de Janeiro foi um dos interesses escusos do presidente na instituição apontados pelo ex-ministro Sergio Moro, que se demitiu acusando Bolsonaro de ingerência na Polícia Federal. No estado, estão em jogo o futuro do senador Flávio Bolsonaro e das milícias cariocas com as quais o clã Bolsonaro tem laços.

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