Política

Bolsonaro desconversa sobre ter citado Polícia Federal: “está a palavra PF”

O presidente afirmou que os trechos transcritos da reunião estão corretos e afirmou que a interferência se referia à sua segurança familiar

Crédito: Reprodução/Redes sociais
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O presidente Jair Bolsonaro desconversou sobre o fato de ter citado o nome da Polícia Federal na reunião ministerial do dia 22 de abril, conforme comprovou os trechos transcritos de suas falas entregues pela Advocacia Geral da União ao STF na quinta-feira 14. Questionado por jornalistas nesta sexta-feira 15, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente se defendeu: “está a palavra PF. Tem a ver com a Polícia Federal, mas no tocante ao serviço da inteligência”, afirmou.

O presidente disse que as transcrições entregues estão corretas, e novamente negou que a fala “Vou interferir, ponto final” seja relativa à inteligência da instituição, mas à sua segurança familiar. “A interferência não é nesse contexto da inteligência é da segurança familiar”, declarou, afirmando que fazia referência ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O órgão, no entanto, não é citado nas transcrições.

Veja os trechos completos:

“Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque enchou os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas]. Então essa é a preocupação que temos que ter: “a questão estatégica”. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso – todos – é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá pra trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade.”

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”


O material foi entregue ao relator do caso no STF, o ministro Celso de Mello, que ainda vai decidir se trona público ou não o vídeo completo da reunião citada por Moro em seu depoimento à Polícia Federal. O ex-ministro afirmou que, no encontro, o presidente deixava claro a sua intenção de interferir no comando da Polícia Federal.

Em live realizada em suas redes sociais na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que espera que o ministro tenha sensibilidade e não divulgue o vídeo na íntegra. “Espero que o vídeo na íntegra não seja liberado. Tem questões de Estado, segurança nacional, e coisa pessoal, se falou em economia, não é o caso de estar nesse assunto”, declarou.

“São dois trechos de 30 segundos que interessam ao processo. Mas, da minha parte, eu autorizo divulgar os 20 minutos, até para ver dentro de um contexto. O restante a gente vai brigar, a gente espera que haja sensibilidade do relator, que é uma reunião reservada nossa. A gente espera que ele acolha isso”, completou.

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