Política

Bolsonaro aprova ação da PF contra Witzel: “Enquanto eu for presidente, vai ter mais”

O governador do Rio de Janeiro foi alvo da operação Placebo, que investiga desvios de verbas no combate à pandemia da covid-19

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: AFP
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O presidente Jair Bolsonaro comentou com apoiadores que o aguardavam na saída do Palácio do Lavorada a operação deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira 26 e que teve como alvo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). “Vai ter mais. Enquanto eu for presidente, vai ter mais”, afirmou.

Ele também ironizou o fato da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) ter antecipado em entrevista à Rádio Gaúcha, na segunda-feira 25, a operação que a Polícia Federal iria iniciar contra desvios na área da saúde nos estados. “Isso não é informação privilegiada, não. Vão falar que é informação privilegiada”, completou aos apoiadores na manhã desta quarta-feira.

“O presidente Jair Bolsonaro colocou um delegado da Polícia Federal, a gente já teve algumas operações da Polícia Federal que estavam ali na agulha para sair, mas não saíam. A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar talvez de ‘Covidão’, ou de… né? Não sei qual vai ser o nome que eles vão dar, mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, disse a deputada na entrevista.

Um dia depois, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do estado do Rio de Janeiro, na Zona Sul da cidade. As ações acontecem dentro da operação Placebo, que apura desvio de verbas que deveriam ser usadas no combate à pandemia do coronavírus. A esposa de Witzel, Helena Witzel, também foi alvo da operação.

Segundo as investigações, foi identificado um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro. Há 15 dias, o Ministério Público do RJ comunicou a Procuradoria Geral da República sobre citação ao Witzel nas investigações.

A operação foi autorizada pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tribunal responsável pelos casos envolvendo governadores.

O governador negou as acusações e usou suas redes para questionar a antecipação da operação por Carla Zambelli, “o que demonstra limpidamente que houve vazamento”, escreveu o governador, reforçando a tese da interferência do presidente nas operações da Polícia Federal.

Indigna-me o fato de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento. A interferência anunciada pelo presidente da república está oficializada.

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