O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira 17 que Walter Delgatti está “fantasiando” em seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro. Ele confirmou, porém, um encontro com o hacker no Palácio da Alvorada em 2022.
O depoente declarou à comissão que o ex-capitão prometeu lhe conceder um indulto caso assumisse a autoria de um suposto grampo telefônico com “conversas comprometedoras” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro teria garantido que o suposto grampo motivaria uma ação contra o magistrado e justificaria a realização de uma eleição com o voto impresso.
Delgatti também reforçou ter “orientado” a produção do relatório do Ministério da Defesa sobe as urnas eletrônicas. O documento foi entregue ao Tribunal Superior Eleitoral em novembro de 2022.
“Ele está inspirado hoje. Teve a reunião e eu mandei ele para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. Ele esteve lá e morreu o assunto. Ele está voando completamente”, disse Bolsonaro nesta quinta à Jovem Pan. “Tem fantasia aí. Eu só encontrei com ele uma vez no café da manhã [no Alvorada], não falei com ele no telefone em momento algum. Como ele pode ter certeza de um grampo? Nós desconhecemos isso.”
O hacker também narrou detalhes de uma suposta primeira reunião na sede do PL em Brasília, em 9 de agosto do ano passado. Estiveram presentes, segundo Delgatti, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto; o marqueteiro Duda Lima; a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP); o deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP), irmão de Carla; o marido da deputada; e o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira.
Um dos supostos planos envolveria a implantação por Delgatti, em 7 de setembro de 2022, de um “código malicioso” em uma urna eletrônica para demonstrar a pretensa possibilidade de fraude no sistema eleitoral. O ato se basearia em um código “fake”.
Delgatti disse, então, ter sido levado ao Palácio da Alvorada em 10 de agosto para se reunir com Bolsonaro, Carla Zambelli, o ajudante de ordens Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara. Na ocasião, o ex-presidente teria encaminhado o hacker para explicar o plano ao Ministério da Defesa.
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