Política

Bolsonaro acusa Datafolha de receber dinheiro para fraudar pesquisas

Presidente ainda misturou dados sobre corrupção na vacina e voltou a falar em fraudes nas eleições

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Em conversa com apoiadores no ‘cercadinho’ do Palácio do Alvorada nesta segunda-feira 12, o presidente Jair Bolsonaro acusou o Instituto Datafolha de receber dinheiro para fraudar pesquisas.

A declaração faz referência às pesquisas que apontam ampla vitória de Lula em 2022 e alta rejeição às políticas do atual governo.

“Acreditar em pesquisa Datafolha…Se bem que acho que o Datafolha recebeu pouca grana dessa vez. Diz que no segundo turno [Lula] tem só 60%, então tem que botar mais um dinheirinho no Datafolha para na próxima ser 70%, 80%”, afirmou Bolsonaro.

“Se a gente confiar no Datafolha nem vai votar, [Lula] já está eleito mesmo. O Datafolha disse em 2018 que eu perderia para todo mundo, até para o Cabo Daciolo”, acrescentou.

O presidente voltou a alegar que, sem o voto impresso, as eleições serão fraudulentas e elegerão o petista como novo chefe do Planalto.

“Eu não quero brigar com ninguém. Vamos fazer de tudo para termos eleições limpas e transparentes para o bem do Brasil, porque se não for assim é sinal que já está escolhido quem vai nos comandar. E as pessoas que chegam na fraude não tem compromissos com vocês”, destacou.

CPI da Covid

Para apoiadores, Bolsonaro chamou os líderes da CPI da Covid no Senado de patetas e misturou dados para rebater acusações de corrupção na compra de vacinas que pesam sobre o seu governo.

“400 milhões de doses com 1.000% de propina. A imprensa toda disse isso. Vai comprar vacina como 1.000%. 1 dólar de propina em 400 milhões de doses vezes 1.000%, vezes 5 reais, daria em torno de 250 bilhões de reais. Que propininha”, disse Bolsonaro.

A fala, no entanto, embaralha dados de acusações e notícias diferentes.

Bolsonaro é acusado de comprar vacinas indianas Covaxin a um valor 1.000% maior do que o oferecido inicialmente pelo laboratório que produz o imunizante.

O valor inicial oferecido pela Bharat Biotech era de 1,34 dólar, 1.000% menor do que o valor final fechado pelo governo, de 15 dólares por dose.

O sobrepreço, portanto, diferentemente do que foi dito pelo presidente, não se refere à propina, mas sim ao valor final formalizado no contrato da Covaxin.

As acusações de propina são parte de outra negociação suspeita. As investigações indicam que integrantes do governo federal negociaram 1 dólar por dose na compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, intermediada pela Davati Medical Supply.

O valor da propina negociada por integrantes do governo seria, portanto, de cerca de 2 bilhões de reais e não de 250 bilhões como afirmou Bolsonaro.

Logo após embaralhar os dados, Bolsonaro voltou a atacar a cúpula de senadores que lideram a CPI: “Só quem acredita nisso são os três patetas da comissão: Renan, Omar e o saltitante [se referindo ao senador Randolfe Rodrigues]”.

Ainda durante a conversa, o presidente falou sobre os protestos recentes em Cuba e voltou a afirmar que na Venezuela não existem mais animais de estimação, pois foram usados como alimentos:

“Não tem mais cães e gatos na Venezuela, comeram tudo. Isso é o comunismo”, afirmou.

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