Justiça
Bolsonarista que atropelou militante do PT em Aracaju é indiciado por tentativa de homicídio
Flávio da Direita Sergipana ainda foi enquadrado em comunicação falsa de crime por ‘subverter os fatos para acobertar o crime que havia acabado de cometer’


Responsável por atropelar e arrastar um militante do PT às vésperas do primeiro turno, o bolsonarista Flávio da Direita Sergipana (PL) foi indiciado por tentativa de homicídio. O relatório da Polícia Civil, assinado pela delegada Juliana Alcoforado, chegou ao Tribunal de Justiça de Sergipe na última sexta-feira.
Cabe ao Ministério Público concluir se aceita os argumentos dos investigadores, pede novas diligências ou recomenda o arquivamento do caso. No Brasil, a pena para esse crime varia entre 6 e 20 anos de prisão e pode ser reduzida de acordo com o comportamento do réu.
O bolsonarista também foi enquadrado na prática de comunicação falsa de crime, por ter registrado boletim de ocorrência “com o intuito evidente de se acobertar do crime que havia acabado de cometer”.
Flávio da Direita Sergipana era candidato a vereador pelo PL, partido que elegeu Emília Corrêa prefeita de Aracaju no domingo. Ele recebeu pouco mais de 1.200 votos e ficou como suplente.
Outros três homens que estavam no carro no momento do atropelamento foram indiciados por tentativa de homicídio. A reportagem tenta localizar os acusados para comentar o assunto. O espaço segue aberto.
Para os investigadores, ficou comprovada “motivação fútil baseada em disputa eleitoral” por parte de Flávio. A delegada do caso ainda entendeu que o atropelamento colocou todas as pessoas presentes em risco e disse lamentar os episódios de violência presenciados em Sergipe durante a campanha eleitoral.
O relatório encaminhado ao TJ sergipano ainda critica Flávio pela tentativa de “subverter os fatos ao registrar um boletim de ocorrência com uma narrativa inverídica de agressões por barras de ferro e danos ao veículo que não se confirmaram”. Instados a se manifestar, os quatro acusados permaneceram em silêncio em seus depoimentos.
“Tal situação, obviamente, demanda dos órgãos públicos uma resposta à altura, não apenas por toda violência envolvida e o claro risco de morte pelo qual passou a vítima publicamente num espetáculo grotesco, mas pelo descrédito que isso gera contra todo o Estado”, observou a delegada Juliana Alcoforado.
O ativista Charles Belchior fraturou a perna esquerda, foi submetido a quatro cirurgias no Hospital de Urgências de Sergipe e segue internado. Ele estava em um ato de apoio à petista Candisse Carvalho, candidata à prefeitura da capital sergipana, quando foi atingido.
Flávio diz ter avançado com o carro sobre o militante depois de supostamente ser “agredido e quase linchado”. Um vídeo feito por um participante da carreata mostra Belchior em frente ao veículo ainda parado, com as mãos apoiadas no capô, quando o motorista começa a acelerar.
O próprio militante também usou seu celular para fazer uma filmagem. Na gravação, Charles aparece pedindo para o motorista parar, soltando gritos de dor e dizendo que havia quebrado a perna.
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