Bolsonarista defensor do eletrochoque terá cargo no Ministério da Saúde

O psiquiatra Rafael Bernadon Ribeiro é autor de diversas pesquisas a respeito do controverso tratamento

(Foto: FCMSantaCasa/Divulgação)

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O Ministério da Saúde terá um defensor do eletrochoque como novo coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas.

A nomeação do psiquiatra Rafael Bernardon Ribeiro foi publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira 18, e é assinada pelo ministro Eduardo Pazuello. A área é ligada ao Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde.

Ele substitui Maria Dilma Alves Teodoro, que pediu demissão depois que o Ministério da Saúde foi pego preparando a revogação de 99 portarias sobre saúde mental. Maria Dilma era autora da planilha que, em linhas gerais, diminuia investimentos nos Caps e aumentava a verba destinada a hospitais psiquiátricos.

Ribeiro é próximo de Quirino Cordeiro Junior, atual secretário de Drogas do Ministério da Cidadania. Ambos defendem a popularização da eletroconvulsoterapia, conhecida no passado como eletrochoque. Embora já distante das era dos manicômios – a ECT hoje é indolor e segue um protocolo rígido -, a terapia ainda provoca controvérsias.

Estudos com a ECT mostram resultados positivos em casos de depressão profunda e outras doenças graves que resistem a outros tratamentos, mas a ciência ainda não sabe o porquê o choque funciona. “Provoca-se uma espécie de ‘reset’ no cérebro”, resume, reservadamente, uma profissional da área a CartaCapital.

Há alguns anos, a dupla aprovou junto ao CNPq, um projeto de desenvolvimento de um aparelho portátil de estimulação transcraniana, uma espécie de ‘irmão caçula’ da ECT. O aparelho está à venda. Bernardon e a esposa Débora Melzer, também psiquiatra, aparecem em folhetos de propaganda como os responsáveis técnicos.


No início do ano passado, Cordeiro foi criticado por elaborar um documento interno na Saúde em que defendia a compra de equipamentos de eletroconvulsoterapia. A proposta não saiu do papel.

Ribeiro é também um enfático defensor de Jair Bolsonaro nas redes sociais. Declarou voto no ex-capitão e fez críticas diversas ao STF e aos governos petistas. As postagens, contudo, não estão mais disponíveis ao público.

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