Bolsonarista Caroline de Toni à frente da CCJ acende alerta no Planalto; veja a composição completa

O partido de Bolsonaro está prestes a assumir presidências importantes na Câmara, privilegiado pela regra que dá às maiores bancadas a preferência na escolha das comissões

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Apoie Siga-nos no

Mais de um mês após o início das atividades na Câmara, as bancadas finalizaram as conversas em torno das presidências das comissões permanentes. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, ficou com o comando da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Casa.

O colegiado era a principal preocupação do Palácio do Planalto em razão de o nome da bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), opositora ferrenha do governo Lula, ser o mais cotado para presidir a comissão.

O PT presidiu a CCJ em 2023 em meio a uma costura envolvendo PL e União Brasil, terceiro maior partido da Câmara. O acordo envolvia ceder a presidência do colegiado à sigla comandada por Valdemar Costa Neto neste ano e, em 2025, ao União.

As legendas com as maiores bancadas têm a preferência de escolher quais comissões querem presidir. O PL tinha prioridade na escolha por ter elegido 99 deputados em 2022 – hoje, a agremiação conta com 96. A Câmara tem trinta comissões temáticas permanentes, responsáveis por analisar projetos antes do plenário.

A CCJ é uma das comissões mais importantes da Câmara porque por ela passam os projetos protocolados na Casa. O colegiado tem o poder de barrar a tramitação de uma proposta se os deputados entenderem que ela é inconstitucional.

Além da presidência, o PL também deve contar com 13 deputados no colegiado. A atual composição está dividida da seguinte forma: 


  • 10 deputados da Federação PT/PV/PCdoB
  • 8 deputados do União Brasil
  • 6 deputados do PP
  • 5 deputados do PSD
  • 5 deputados do Republicanos
  • 4 deputados do MDB
  • 2 deputados da Federação PSDB/Cidadania
  • 2 deputados do PDT
  • 2 deputados do Podemos
  • 2 deputados do PSB
  • 2 deputados do PRD (oriundo da fusão entre PTB e Patriota)
  • 2 deputados da Federação PSOL/Rede Sustentabilidade
  • 1 deputado do Solidariedade
  • 1 deputado do Avante

Diante das resistências a seu nome, De Toni telefonou a líderes partidários e prometeu fazer uma gestão “equilibrada”, contemplando demandas de todas as bancadas com representantes na comissão.

Eleita na esteira do bolsonarismo em 2018, a deputada está em seu segundo mandato, integra a bancada do agronegócio e é defensora da pauta pró-vida contra a descriminalização do aborto. Também foi vice-líder do governo Bolsonaro em 2019 e relatora da PEC da Prisão em 2ª Instância.

Além da CCJ, o PL também terá o comando das comissões de Educação, Segurança Pública, Esporte e Previdência.

Alberto Fraga (DF) foi indicado para a presidência do colegiado sobre Segurança Pública. A Comissão de Esporte deve ser presidida pelo deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP), e a de Assistência Social, Infância, Adolescência e Família pelo deputado Pastor Eurico (PL-PE).

Para a de Educação, o partido decidiu indicar o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), como mostrou CartaCapital. A escolha causou mal-estar entre parlamentares ligados ao Planalto.

Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (CE) afirmou que foi negociado acordo para o PT indicar o vice-presidente na Comissão de Educação e o PL indicar o vice na Comissão de Saúde, que deve ser presidida por Dr. Francisco (PI).

“Fizemos várias ponderações sobre algumas indicações. O PL não abre mão e nós vamos pacificar: eles vão indicar o vice da Comissão de Saúde e o PT vai indicar o vice da Comissão de Educação para atenuar essas tensões todas”, disse a jornalistas.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

3 comentários

ADALMIR SANDRO DA LUZ OLIVEIRA 7 de março de 2024 06h43
Penso que parlamentares investigados pela PGR não devam assumir cargos de tanta importância. O Brasil regride nestes momentos. É lamentável.
Gilberto Nogueira Gonçalves 7 de março de 2024 11h24
Para se responsabilizar por tamanhas funções todos e cada um dos deputados além de fichas limpas não poderão estar sequer respondendo de nenhuma denuncia, embora muitos estejam nestas situações e até mais incompatíveis por indignas
joao medeiros 7 de março de 2024 17h18
Agora os apoiadores/adoradores do bolsonaro poderão vivenciar o que é democracia e o império das leis. Assumir estas comissões será um castigo para está gente que terão que ser enquadrados nas regras humanas e legais, chega de tanta insanidade, ilegalidades, mentiras, hipocrisia e irracionalidade, nosso país não ficará deitado eternamente em berço esplendido. Hora de trabalhar, propor políticas públicas, despertar, validar e ressussitar nosso espírito de nação. Ora de confessar seus pecados, arrepender-se e, aceitar/submeter-se as regras, normas e regulamentos humanos. A cadeia serve para pagar seus pecados da subversão a ordem aqui na terra.

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.