Política

Bento Albuquerque muda versão e diz à PF que joias de luxo eram ‘presentes de Estado’

Em 2021, o então ministro afirmou à Receita que as joias, avaliadas em mais de 16,5 milhões de reais, seriam para Michelle Bolsonaro

O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Foto: MME
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O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque afirmou à Polícia Federal, em depoimento nesta terça-feira 14, que os luxuosos conjuntos de joias enviados pela Arábia Saudita seriam “presentes de Estado”, entregues por um representante do governo local quando a comitiva brasileira se preparava para retornar ao País, em outubro de 2021.

A alegação foi relatada pela defesa de Albuquerque ao blog de Julia Duailibi, no G1. Segundo o advogado, o ex-ministro disse à PF que não abriu os pacotes até a chegada ao Brasil e que em momento algum foi informado de que as joias seriam para Jair Bolsonaro ou Michelle Bolsonaro.

Há, porém, uma contradição. Bento Albuquerque afirmou a auditores da Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, em 16 de outubro de 2021, que as joias avaliadas em mais de 16,5 milhões de reais seriam para a então primeira-dama.

A declaração consta de um vídeo gravado pelo circuito interno do aeroporto.

“Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama”, disse Albuquerque na gravação. Ele, porém, saiu de lá sem as joias, que permaneceram retidas sob controle do Fisco. O conjunto era composto por um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes, todos da marca suíça de luxo Chopard.

As joias foram encontradas na mochila de Marcos André dos Santos Soeiro, então assessor de Albuquerque. Ele também foi ouvido pela PF nesta terça.

Um segundo conjunto, porém, passou despercebido pela Receita no aeroporto e foi incorporado ao acervo particular de Jair Bolsonaro. Este pacote é alvo de uma apuração no Tribunal de Contas da União.

Nesta quarta 15, o plenário do TCU deve julgar a decisão do ministro Augusto Nardes de permitir que o ex-presidente mantenha em seu acervo as joias de luxo.

A jurisprudência da Corte indica ser improvável, no entanto, atestar a legitimidade da decisão de Bolsonaro de guardar o conjunto da marca suíça de luxo Chopard, a conter:

  • um relógio com pulseira em couro;
  • um par de abotoaduras;
  • uma caneta rosa gold;
  • um anel; e
  • um masbaha (espécie de rosário) rose gold.

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