Política
Barra Torres critica Bolsonaro: ‘ainda há pessoas que dizem que a chegada da variante sinaliza tempos melhores’
Presidente da República minimizou o efeito da Ômicron e sinalizou que a pandemia poderia estar no fim


O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Barra Torres, deu uma alfinetada indireta nesta quinta-feira no presidente Jair Bolsonaro (PL) ao criticar as pessoas disseminadoras de notícias falsas sobre a Covid-19. Bolsonaro, por várias vezes, levantou suspeita sobre a atuação da agência nos processos relacionados à vacinação de crianças contra a doença.
— Impressionante ver que em meio a um cenário que aponta claramente para os efeitos do avanço da variante Ômicron ainda há pessoas que dizem que a pandemia está acabando, que a chegada da variante sinaliza tempos melhores — disse o presidente da Anvisa, sem citar o nome do presidente.
Bolsonaro deu declarações negacionistas inúmeras vezes sobre a Covid-19. Recentemente, ele minimizou a variante Ômicron e sinalizou que a pandemia poderia estar no fim.
— Dizem até que seria um vírus vacinal. Algumas pessoas estudiosas e sérias e não vinculadas a farmacêuticas dizem que a Ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia — disse Bolsonaro.
Barra Torres destacou que é um crime difundir mentiras. Ele participa de reunião com a diretoria da agência e representantes do Instituto Butantan para avaliar dados de eficácia e segurança da Coronavac para crianças de 3 a 11 anos. A agência decide hoje sobre a liberação da vacina para essa faixa etária.
— Quero saber o que as pessoas disseminadoras de fake news vão fazer com o número do aumento de mais de 70% de internações de crianças em UTIs no dia de hoje. Será que os disseminadores de fake news vão noticiar isso também? Penso que não, porque não interessa ao disseminador de fake news — afirmou.
No início do mês, Barra Torres emitiu uma dura carta pedindo a retratação de Bolsonaro, que questionou o suposto interesse da agência relacionado à imunização infantil. O presidente negou ter acusado a agência de corrupção e disse que a carta foi “agressiva”, mas novamente voltou a levantar suspeita sobre os trabalhos da Anvisa.
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