Política
Bancada ruralista quer ‘aproveitar’ indefinição no STF para acelerar o marco temporal no Senado
O ministro André Mendonça pediu vista e adiou por até 90 dias o prosseguimento da análise no Supremo
Senadores ligados à Frente Parlamentar da Agropecuária já se mobilizam em busca de assinaturas para garantir a tramitação urgente do projeto em defesa da tese do marco temporal para a demarcação de territórios no País.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, proferiu nesta quarta-feira 7 o segundo voto contra o marco temporal, mas André Mendonça pediu vista e adiou por até 90 dias o prosseguimento da análise.
Em maio, a Câmara dos Deputados se antecipou ao julgamento do Supremo e aprovou o marco temporal, mas a matéria ainda precisa ser discutida e avalizada pelo Senado. Agora, a bancada ruralista quer aprovar um requerimento de urgência para o projeto de lei, a fim de que ele não passe por comissões temáticas e seja levado diretamente ao plenário.
Esse requerimento, porém, teria de ser pautado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que já rechaçou publicamente a tramitação acelerada.
O pedido de urgência foi protocolado na terça-feira 6 e é assinado originalmente por Ciro Nogueira (PP-PI). Posteriormente, outros senadores endossaram a proposta.
Segundo o vice-presidente da FPA, senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), “é fundamental que o Senado possa se posicionar, até mesmo para transformar em lei algo primordial para se ter segurança jurídica e paz entre povos indígenas e produtores rurais”.
O movimento em defesa dos direitos dos povos indígenas se opõe frontalmente ao marco temporal. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a Apib, sustenta que a adoção da tese limitaria o acesso dos indígenas ao seu direito originário sobre suas terras. Diz, ainda, haver casos de povos que foram expulsos delas algumas décadas antes da entrada em vigor da Constituição.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Os argumentos de Moraes para rejeitar a tese do marco temporal no STF
Por CartaCapital
‘Espero ter condições de votar’, diz Rosa sobre o marco temporal após Mendonça interromper o julgamento
Por CartaCapital
André Mendonça pede vista e interrompe julgamento no STF sobre o marco temporal
Por CartaCapital



