Política

Auxílio Brasil: ‘As prefeituras não estão dando conta, as pessoas tentam se cadastrar e não conseguem’

O auxílio maior vai apenas até o fim deste ano, coincidindo com o período das eleições

Imagem: Luis Alvarenga/Getty Images/AFP
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Diante do aumento da pobreza e da fome no Brasil e em meio à expectativa de aprovação da PEC Eleitoral, que vai reajustar o valor do Auxílio Brasil para R$ 600, a procura pelo benefício disparou pelo país.

O auxílio maior vai apenas até o fim deste ano, coincidindo com o período das eleições. As filas nos centros de assistência social voltaram e prefeituras relatam um aumento nas tentativas de cadastro.

Especialistas em políticas sociais, no entanto, criticam o desenho do programa, lembrando que hoje já há muitos excluídos dos cadastros de beneficiários. Ou seja, que estão na “fila da fila” e que, se não se cadastrarem, seguirão sem receber o benefício. Os analistas lembram ainda que o auxílio tem data para acabar: dezembro de 2022.

A PEC Eleitoral prevê zerar a fila para receber o Auxílio Brasil, mas só serão consideradas as pessoas que tiverem inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) de benefícios sociais na data de promulgação do projeto. Quem se cadastrar depois disso, ficará em uma nova fila.

“As pessoas estão tentando se cadastrar e não conseguem, porque as prefeituras não estão dando conta de tanta procura. Já as pessoas que se cadastraram continuam na fila sem saber se vão receber, mesmo dentro dos critérios. O principal questionamento delas é: já que vão aumentar o valor, será que vão liberar para todos que estão na fila?”, relata Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica.

Centros amanhecem com fila

Na manhã desta quinta-feira, Centros de Referência e Assistência Social (Cras) das prefeituras de várias cidades pelo Brasil amanheceram com filas de pessoas interessadas em se cadastrar ou atualizar seus dados no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal.

Trabalhadores que ganham até o piso chegam a 38% Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, “houve um aumento significativo de pessoas para realização de inclusão de dados no CadÚnico”.

Em Guapimirim, cidade da Região Metropolitana do Rio com 62 mil habitantes, 13 mil pessoas estão inscritas em programas sociais do governo. E outras 2.700 aguardam para receber o Auxílio Brasil.

“O aumento da procura de pessoas no Cras para inscrição no CadÚnico, mesmo sem número exato, já pode ser percebido pelos profissionais”, informou a prefeitura, em nota.

Salto no número de inscritos

Na prefeitura do Rio, o número de pessoas inscritas no CadÚnico saltou de 67 mil famílias no fim de maio para 109 mil famílias em junho, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social. Especialistas criticam também o fato de a PEC Eleitoral prever o valor de R$ 600 apenas até o fim deste ano.

“A qualidade de vida de toda a população para depois de janeiro de 2023, para eles (governo e Congresso), não importa”, afirma o sociólogo e professor da UFRJ Paulo Baía, lembrando que o aumento do auxílio desrespeita pilares básicos de responsabilidade fiscal, como o teto de gastos.

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