Justiça

Augusto Heleno fica em silêncio e não responde às perguntas de Moraes

A defesa de ex-ministro de Bolsonaro afirmou que ele só responderá perguntas de seu advogado

Augusto Heleno fica em silêncio e não responde às perguntas de Moraes
Augusto Heleno fica em silêncio e não responde às perguntas de Moraes
O ex-ministro de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno. Foto: Evaristo Sa/AFP
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O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Jair Bolsonaro (PL), recorreu ao seu direito de silêncio durante depoimento sobre a trama golpista no Supremo Tribunal Federal. Assim, ele deixou de responder às perguntas do relator, o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo sua defesa, o militar só responderá às perguntas do seu advogado Matheus Milanez. Os dois fizeram uma dinâmica de perguntas e respostas rápidas, tanto que Milanez teve que dar uma “bronca” ao ex-ministro para que ele focasse nos fatos da denúncia e respondesse somente “sim” ou “não”. O momento tirou risadas do plenário.

Diante do momento, o ministro Alexandre de Moraes afirmou brincando: “Não fui eu, general Heleno, que fique nos anais aqui do Supremo, foi o seu advogado”.

Conforme as perguntas de seu advogado, Heleno disse que a expressão proferida por ele, em 5 de julho de 2022, que o governo Bolsonaro “virasse a mesa” antes das eleições, seria de modo “completamente” figurado. 

Na mesma reunião, Heleno disse ter conversado com o então diretor da Agência Brasileira da Inteligência, Vitor Carneiro, sobre a possibilidade de “infiltrar” agentes nas campanhas eleitorais dos adversários de Bolsonaro. Segundo o que disse nesta terça, o objetivo era o “acompanhamento das eleições” para evitar novos atentados como o que aconteceu com a facada em Bolsonaro em 2018.

O militar afirmou que nunca deu ideias ao então presidente de ruptura democrática e que não lhe dava conselhos políticos fora das atribuições do GSI.

Heleno também afirmou que “aceitou” a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula em outubro de 2022. “Tinha que aceitar. Não havia outra solução”, disse.

Outros depoimentos

A Corte ouviu, na véspera, o delator Mauro Cid, tenente-coronel que atuava como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. 

Mais cedo nesta terça, o Tribunal também interrogou Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Além deles, o STF também se prepara para ouvir outros réus. Todos fazem parte do núcleo 1 da trama. São eles:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente;
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa; e
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente.

Walter Braga Netto será o único a depor por videoconferência, uma vez que está preso preventivamente desde dezembro, no Rio de Janeiro.

Para colher todos os depoimentos, o STF agendou mais três sessões, além da audiência desta terça-feira:

  • Quarta-feira 11, às 8h;
  • Quinta-feira 12, às 9h; e
  • Sexta-feira 13, às 9h.

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