Atire com os dedos

O governo vai editar novas medidas para ampliar a restrição ao acesso a armas

Fazer o quê? O movimento pró-armas fia-se na Bancada da Bala no Congresso, mas o ambiente político é outro – Imagem: Redes sociais

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O cerco à posse e ao porte de armas no Brasil continua. Nos próximos dias, o ministro da Justiça, Flávio Dino, vai anunciar novas medidas de contenção. A lista inclui a restrição ao acesso de alguns calibres, entre eles 9 mm e .40, que voltarão a ser de uso exclusivo das forças de segurança, a transferência da supervisão dos CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) à Polícia Federal, a proibição do funcionamento 24 horas dos clubes de tiro e uma distância mínimo dos clubes das áreas escolares. Em 1º de janeiro, o governo havia editado o Decreto 11.366, que suspendeu os registros para aquisição e transferência de armas e de munições de uso restrito por CACs, reduziu de seis para três a quantidade de armamentos permitidos ao cidadão comum, suspendeu a concessão de novos registros de clubes e de escolas de tiro e a emissão de certificados de CACs e proibiu o transporte de arma municiada e a prática de tiro desportivo por menores de 18 anos, entre outras medidas.

“A política de incentivo ao acesso às armas foi substituída por uma política de controle, verificação e contenção”, avalia o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo de trabalho sobre o tema na equipe de transição. A facilitação do acesso, diz, era um projeto de governo para Jair Bolsonaro: “Ele estimulava a população a se armar sob o pretexto de se classificar em uma dessas condições estabelecidas para os CACs. Havia uma política de estímulo à aquisição de armas e munições de modo geral”. Segundo Carvalho, o maior mérito das medidas iniciais anunciadas pela atual administração foi permitir a estabilização dos números. “Tínhamos um crescimento assustador nos últimos meses do governo Bolsonaro. O número de brasileiros com acesso a algum tipo de arma quase triplicou.”

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2 comentários

ricardo fernandes de oliveira 23 de julho de 2023 15h08
Em compensação, o governo irá permitir que os guardas municipais se armem, o que irá contribuir para a letalidade policial. Sobre as câmeras para policiais, só silêncio
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 23 de julho de 2023 22h24
Bolsonaro e o bolsonarismo trouxeram para a sociedade brasileira a cultura do ódio e de se portar armas de fogo quase que ilimitadamente o que o atual governo propõe é o inverso, o controle rígido de armamento adotando uma política de desarmamento da população civil, restringindo ao máximo a possibilidade de as pessoas possuírem e portarem armas de fogo e munições. O aumento do número de armas em mão da sociedade civil contribui não apenas para o incremento de confrontos letais em discussões banais do cotidiano, seja numa briga de trânsito, seja numa discussão de torcedores de times de futebol rivais, como também facilita o acesso dos reais criminosos às armas que estariam de posse da população civil, visto que esta não está preparada para o enfrentamento com o crime nem possui preparo e técnica para isso. Se faz necessário conscientizar a população de que essa tal bancada da bala do congresso nacional que representa as indústrias de armas não está ao lado da sociedade. O caminho correto para o drama da segurança pública encontra-se no desarmamento da população que deve ser protegida pelas forças policiais. Através de uma polícia realmente preparada e consciente do seu papel e dever de proteção da sociedade e combate ao crime, não com outro crime, mas com a inteligência desarmando o oponente com total respeito aos Direitos Humanos, com técnica, inteligência de modo a neutralizar os criminosos antecipando-se de modo a evitar o confronto letal. Só assim teremos índices menos homicídios e baixa da criminalidade no país.

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