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Associação de caminhoneiros critica ‘PEC da Esmola’ e volta a falar em greve
Presidente da Abrava acusou a PEC de representar ‘tentativa clara de comprar voto’


A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores, a Abrava, chamou de “PEC da Esmola” a proposta do governo federal que amplia benefícios sociais e voltou a falar na possibilidade de deflagração de uma greve dos caminhoneiros.
Em nota publicada nesta quarta-feira 13, o presidente da Abrava, Wallace Landim, declarou que “mil reais não resolve o problema dos caminhoneiros” e acusou a PEC de representar “tentativa clara de comprar voto”.
“Caminhoneiro não é burro, não fizeram nada em três anos e meio de governo e agora vem com uma esmola que não resolve o problema”, diz o texto.
A entidade diz que a redução da alíquota do ICMS não baixou o preço do diesel, mesmo que o governo federal propagandeasse a medida como solução para o problema. A nota critica ainda a alta no dólar após a aprovação da PEC no Senado, o que deve incidir sobre o preço do diesel importado.
Para a organização, o governo federia mudar a política de preços da Petrobras que alinha os valores nacionais às oscilações do mercado no exterior. Além disso, a associação propõe a aprovação de um projeto de lei do senador Lucas Barreto (PSD-AP) que retira o custo do diesel da composição do frete.
“Esse governo é uma mistura de Trapalhões com Zorra Total, e o povo assistindo a esse filme de terror”, diz o documento. “Lembrando que a greve é um direito resguardado na Constituição a todos os trabalhadores, e os caminhoneiros já não aguentam mais.”
A PEC, já aprovada no Senado e em 1º turno na Câmara, é vista como um drible da legislação do TSE, que impede a ampliação de benefícios em ano de eleição, para evitar que candidatos usem a máquina pública em seu favor.
A proposta foi descrita como “flagrantemente institucional” em peça do subprocurador Lucas Rocha Furtado ao Tribunal de Contas da União. Em pedido de medida cautelar, Furtado pediu que o TCU avalie a possibilidade de impugnar a chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL) em função de irregularidades no uso de recursos públicos.
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