As prioridades de governistas e bolsonaristas na reta final da CPMI do 8 de Janeiro

Na sessão desta terça, o presidente da comissão disse não haver entendimento e afirmou que busca um acordo para dar 'equilíbrio' aos trabalhos

O presidente da CPMI do 8 de janeiro, Arthur Maia (União-BA). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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Os integrantes da CPMI do 8 de Janeiro ainda buscam acordo para a apreciação de requerimentos na reta final dos trabalhos.

A comissão tem maioria de apoiadores do presidente Lula (PT), mas o deputado Arthur Maia (União-BA), quadro do Centrão que preside as investigações, tem atuado para atender demandas da minoria bolsonarista. Enquanto os governistas querem provar a ligação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os atos, a oposição tenta emplacar a tese de que o governo Lula colaborou com as depredações.

Com a previsão de encerrar as apurações em outubro, os bolsonaristas querem a convocação do coronel Sandro Augusto de Sales Queiroz, que comandava o Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional de Segurança Pública e tinha um efetivo de 296 militares quando os atos golpistas ocorreram.

Ao chamarem um ex-integrante do governo Lula, a oposição daria visibilidade às acusações contra o Planalto.

Os bolsonaristas sustentam a necessidade de investigar a suposta demora na atuação das forças de segurança pública a nível federal e o emprego considerado insuficiente de agentes para conter os atos golpistas.

Os governistas veem a convocação do coronel como uma “cortina de fumaça”, porque a responsabilidade pela segurança pública no dia dos atos seria do governo do Distrito Federal.


Contudo, parlamentares da base de Lula dizem aceitar a convocação do militar, desde que a CPMI também aprove requerimentos de relatórios de inteligência financeira para obter informações sobre movimentações bancárias de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle.

Os governistas também querem a convocação do almirante Almir Garnier dos Santos, ex-comandante da Marinha citado pelo tenente-coronel Mauro Cid como participante de articulações por um golpe de Estado.

Além disso, a base do governo pede a convocação de Filipe Garcia Martins, assessor especial de Bolsonaro suspeito de ter levado a “minuta do golpe” ao ex-presidente, conforme a delação de Cid. Em 2021, Martins chegou a ser acusado de fazer símbolos de supremacia branca no Senado.

Na sessão desta terça-feira 26, o presidente da CPMI disse não haver entendimento entre os parlamentares e afirmou que busca um acordo com os governistas para dar “equilíbrio” aos trabalhos.

À reportagem, um dos parlamentares da bancada governista disse não ver problemas na convocação da Força Nacional, mas avalia que a reta final dos trabalhos não poderia concentrar teses fantasiosas. Segundo essa análise, a intenção de Maia seria aprovar a demanda bolsonarista sem atender os requerimentos dos governistas.

A decisão deve ocorrer na próxima sessão, quando os parlamentares ouvem o depoimento de Alan Diego dos Santos Rodrigues, suspeito de envolvimento com um atentado planejado em Brasília, no fim de 2022.

Os parlamentares também devem reconvocar Cid, conforme requerimento aprovado em agosto.

A possibilidade de chamar Bolsonaro à CPMI é vista como distante, por resistência de Maia. A relatora Eliziane Gama (PSD-MA) havia apresentado um requerimento de acareação do ex-presidente com Cid. No entanto, até mesmo parte dos governistas teme que um eventual depoimento sirva de “palanque”.

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