Política

Após urgência na Câmara, Senado também coloca debate sobre aborto na pauta

Senadores começam, nesta segunda-feira, a discutir procedimento utilizado para casos de aborto feito em gestações acima de 22 semanas

Após urgência na Câmara, Senado também coloca debate sobre aborto na pauta
Após urgência na Câmara, Senado também coloca debate sobre aborto na pauta
Pacheco e Lira não pagam a conta – Imagem: Zeca Ribeiro/Ag. Câmara
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O Senado vai começar a discutir, nesta segunda-feira 17, o aborto legal no Brasil. A iniciativa acontece após a Câmara dos Deputados aprovar, na semana passada, o regime de urgência para um Projeto de Lei que pode equiparar o aborto ao homicídio.

O pedido para o debate no Senado foi feito pelo bolsonarista Eduardo Girão (Novo-CE), que é publicamente contrário ao aborto. Partidos da base do governo e da oposição também assinaram o requerimento para o debate.

Os senadores, agora, devem debater um procedimento conhecido na literatura médica como assistolia fetal. A prática costuma ser a mais recomendada para os casos de aborto legal acima das 22 semanas de gestação.

No caso brasileiro, o aborto, via de regra, é considerado crime. Pela lei, as exceções ficam por conta da gravidez que resulta em estupro ou quando a gestação coloca em risco a vida da gestante. O aborto também é permitido nos casos em que há má formação do cérebro do feto.

Em abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou uma resolução proibindo a assistolia fetal, inclusive nos casos decorrentes de estupro. A resolução, porém, está suspensa por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

É esse, aliás, o fato que deve pautar a discussão na Casa Alta em Brasília. O CFM estará presente como um dos convidados principais da sessão. A Defensoria-Pública da União também foi convidada.

No Senado, diferentemente da Câmara, a sinalização é de que a discussão sobre o aborto no Brasil não seja acelerada. A indicação foi feita pelo próprio presidente da Casa, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo o parlamentar, enquanto o Senado estiver sob sua gestão, ‘jamais’ o tema tramitará sem passar por análise das comissões temáticas.

“Uma matéria dessa natureza jamais iria direto ao plenário do Senado Federal. Deve ser submetida às comissões próprias e ouvir as mulheres do Senado, que são as legitimas representantes das mulheres brasileiras”, afirmou Pacheco pouco depois da Câmara aprovar o regime de urgência para o PL. “Teremos toda a cautela em relação ao tema”, reforçou o senador.

Apesar da indicação, não há, ainda, previsão para que o projeto de lei chegue ao Senado. O tema já pode ser votado no plenário da Câmara, mas ainda não foi pautado. Integrantes da bancada evangélica, após protestos, já admitem que a votação poderá ficar para o final do ano, após as eleições municipais. A avaliação foi feita por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), autor do projeto, ao jornal O Globo desta segunda-feira 17.

O recuo do parlamentar, vale dizer, ocorre logo após uma grande onda de protestos se espalhar pelo País. Arthur Lira (PP-AL) e a bancada evangélica, da qual Cavalcante faz parte, são os mais pressionados pelas manifestações populares.

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