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Fora do PT, o que pensa Requião sobre Lula, o PDT de Ciro e o caminho até 2026

Depois de quatro décadas no MDB, o ex-governador paranaense e ex-senador se juntou aos petistas em 2022 para derrotar Bolsonaro

Lula e Roberto Requião, em Curitiba, em 18 de março de 2022. Foto: Ricardo Stuckert
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Governador do Paraná por três mandatos e senador em duas legislaturas, Roberto Requião afirma não se arrepender de ter se filiado ao PT e apoiado Lula na eleição presidencial de 2022, apesar de ter anunciado sua desfiliação do partido na última quinta-feira 27.

Aos 83 anos, ainda um “político 24 horas por dia”, ele ainda não decidiu os próximos passos. Questionado por CartaCapital sobre a possibilidade de entrar no PDT, declarou que Ciro Gomes “trabalha mais com o fígado”, embora veja no discurso do líder do partido uma boa crítica ao sistema. “Mas o ódio ao PT não é o meu”, pondera.

Após deixar o MDB, legenda em que esteve por quatro décadas, Requião se integrou ao PT e se aliou a Lula na disputa por uma terceira passagem pela presidência. “Era a única possibilidade de o Brasil sair das mãos do liberalismo absurdo em que continua até hoje e das loucuras do Bolsonaro“, justifica. “Tinha uma admiração pelo Lula e achava que o Lula era um político em franca evolução, que ele ia mudar.”

Os rumos do governo, no entanto, decepcionaram o ex-governador paranaense. Ele alega haver semelhanças entre a política econômica em curso, a de Paulo Guedes e a do ultradireitista Javier Milei, presidente da Argentina. Trata-se, segundo ele, de uma “consolidação do liberalismo”.

Outro fator a abalar a relação com o PT, segundo Requião, é a dificuldade de debater a política e participar das decisões sobre os rumos do partido. “A crítica que o Ciro faz tem sido interessante, como eu tentava fazer uma crítica construtiva e não adiantou. Eu fui completamente isolado com oferta de cargos. E eu jamais aceitaria um cargo”, reclama. Entre os postos oferecidos esteve uma cadeira no Conselho de Administratação da Itaipu Binacional.

“O PDT pode ser um partido que dê a mim a mesma flexibilidade de crítica e raciocínio que dá ao Aldo [Rebelo] e ao Ciro, porque somos de esquerda”, acrescentou. Requião reforçou, porém, não ter iniciado quaisquer conversas com o PDT ou com qualquer outra sigla desde que deixou o PT.

“Internamente, o PT tem as tendências e cada uma representa um tipo de reivindicação. Eles não discutem política mais. Eles estão atrás de salários e empregos, não há espaço para você discutir”, argumenta. “Não tive nenhuma possibilidade de um debate interno no PT. As tendências são fechadas e só se preocupam com elas mesmas. Acabou o debate político, então, eu achei que não tinha mais lugar para participar disso.”

No momento em que, apesar da derrota em 2022, a extrema-direita continua a representar uma parcela significativa da população, Requião teme que o País sofra um “colapso econômico” até o próximo pleito presidencial.

“Eu gosto do Haddad, ele é incapaz de comprar um hambúrguer com dinheiro público. Mas está influenciado pelo Insper de São Paulo”, sugere. “É o liberalismo.”

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