Política

Após saída de Marta da prefeitura, presidente do MDB coloca em dúvida apoio a reeleição de Lula

O deputado Baleia Rossi afirmou que o presidente deveria ter ‘agido de forma diferente’ ao comentar movimento para buscar a vice de Boulos

MDB. Presidente da sigla, Baleia Rossi é cria de Temer e garantiu o lançamento de Tebet - Imagem: Wendel Lopes/MDB
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O presidente do MDB, o deputado federal Baleia Rossi, admitiu que ficou incomodado com a articulação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que retirou a ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido) da gestão de Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo. 

A reaproximação de Marta com o presidente e com o PT viabiliza composição favorável ao partido da chapa com Guilherme Boulos (PSOL) para disputar as eleições de 2024. 

O emedebista pontuou que o presidente deveria ter “agido de maneira diferente” na cooptação da secretaria. 

“Claro que causou um desconforto porque ela estava no governo do Ricardo há três anos. Acho que até pelo fato de o MDB fazer parte do governo, ele (Lula) poderia ter agido de maneira diferente, sim. Mas a gente tem que respeitar. É a eleição mais importante do Brasil. É natural o presidente Lula articular”, disse em entrevista ao O Globo, divulgada nesta terça-feira 23.

Apesar da saída de Marta Suplicy da gestão de Ricardo Nunes, o MDB saiu lucrando com a situação. Para o cargo dela foi nomeado Aldo Rebelo (MDB), em um movimento apelidado pelo presidente do partido de “janela de oportunidade”. 

“A vinda do Aldo fortalece a frente ampla, a proposta de conseguir reunir pessoas que pensam diferente, mas que querem o melhor para São Paulo. Não gostaria de perder a Marta, claro. Eu gosto dela. Mas o fato é que ela sempre teve uma identidade com a esquerda, o perfil dela sempre foi esse, ela não mudou”, afirmou. 

Sobre as próximas eleições presidenciais, Baleia Rossi colocou em dúvida o apoio ao petista em caso de uma eventual reeleição à Presidência da República. 

O parlamentar ressaltou que o MDB possui os três melhores ministros do governo, figuras em ascensão pensando em uma candidatura própria para 2026. 

“[O apoio à Lula] não está definido. Temos três dos melhores ministros, isso é importante, nos dá uma condição de colaborar com a agenda do país. Se olharmos para as pautas prioritárias do governo, muitas foram encampadas pelo MDB, como a reforma tributária, que é de minha autoria e relatoria do senador Eduardo Braga. A paridade de salários entre homens e mulheres e a poupança jovem ensino médio foram ideias da campanha da Simone Tebet que o presidente Lula assumiu como compromisso após ter o apoio dela”, disse. 

Apesar do partido ter integrado a frente ampla formada nas eleições de 2022 para derrotar Jair Bolsonaro (PL), nas eleições municipais o cenário é diferente. Isso porque a legenda contará com o apoio do PL para tentar reeleger Nunes em São Paulo e, em troca, deve declarar apoio ao candidato Alexandre Ramagem, no Rio de Janeiro. 

Sobre uma possível contradição no posicionamento político da sigla, Baleia Rossi ressalta que o partido sempre se manteve ao centro e atuou em defesa da democracia. 

“O nosso candidato a prefeito de São Paulo é o Ricardo Nunes, um “radical de centro”, que aos 16 anos se filiou ao MDB e sempre militou no MDB. O Ricardo Nunes nunca teve uma atitude antidemocrática. Estamos buscando o apoio de todos aqueles que acham que o Boulos vai ser um desastre para São Paulo. A verdadeira frente ampla quem está fazendo é o Ricardo Nunes, com a possibilidade do apoio desde o PL, mais à direita, passando pelo Republicanos, PP, PSD, União Brasil, PSDB, Solidariedade, agora com reforço do Aldo Rebelo. É uma composição plural, de pessoas que pensam de forma diferente, mas veem nele a melhor alternativa para São Paulo”, disse o parlamentar. 

Questionado sobre a proximidade com Bolsonaro, acusado de incitar atos antidemocrático, Baleia Rossi desconversou a afirmou que a polarização não faz bem para as eleições municipais. 

“Essa tentativa de polarização ou de nacionalização da campanha de São Paulo não é boa para a cidade. Boulos tenta nacionalizar porque ele não tem o que mostrar. Ao contrário do Ricardo, que vai falar de gestão. A gente respeita o presidente”, afirmou. 

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