Política

Após queda de liminar, prefeitura de SP remove barracas de pessoas em situação de rua

O prefeito Ricardo Nunes alegou que não faltará acolhimento às pessoas sem teto na cidade e mencionou ‘vagas ociosas’ no sistema

Créditos: Arquivo Pessoal/Movimento Estadual da População em Situação de Rua/Movimento Nacional da População de Rua
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A prefeitura de São Paulo iniciou na manhã desta segunda-feira 3 uma operação de remoção de barracas de pessoas em situação de rua na região central da cidade.

A medida foi adotada depois de o Tribunal de Justiça do estado derrubar, no último final de semana, uma liminar que proibia a prefeitura de desmontar as estruturas.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que havia obtido a liminar, afirmou que recorrerá da decisão. “É absurdo que a prefeitura considere que a população sem teto viva nas ruas por vontade própria, e não por estar abandonada pelo poder público”, disse a CartaCapital.

“A questão dos sem-teto precisa ser resolvida de maneira estrutural, e não com o uso de violência para tirar o pouco que sobrou de quem já não tem quase nada”, prosseguiu. “Vamos recorrer da decisão judicial e seguir lutando para que o problema tenha uma solução séria, que dialogue com as reais necessidade da população em situação de rua.”

Quem também se manifestou contra a decisão judicial é o padre Julio Lancelotti, durante missa realizada no domingo 2.

“Eu gostaria de fazer um apelo, um pedido ao prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB). Não obedeça ordens injustas, não tirem as barracas do povo que está pelas ruas da cidade. Tenha consciência pautada pela ética e por Jesus”, afirmou. “Não tenha consciência pautada pelos interesses dos poderosos, que querem higienizar a cidade, pensando que acabam com a pobreza escondendo os pobres. Não esconda os pobres, seja irmão deles. Não esconda o que estão nas barracas. Construa casa para todos eles.”

A operação de remoção nesta segunda começou pela região da Cracolândia, no centro. Segundo informações da Divisão de Operações Especiais da Guarda Civil, 18 barracas foram removidas até as 11h30.

A prefeitura de São Paulo informa ter 21 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua. No entanto, o Censo 2022 realizado pela própria gestão municipal aponta um contingente de 31.884 pessoas sem teto na cidade. Um levantamento do programa Polos de Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais, contabiliza um número ainda maior, a partir de dados inseridos no CadÚnico: 52.226 pessoas.

Em entrevista ao SP1, da TV Globo, o prefeito Ricardo Nunes mencionou ‘vagas ociosas’ no sistema de acolhimento. “Não vai faltar acolhimento para as pessoas que desejam ser acolhidas pela prefeitura de São Paulo. As pessoas falam ‘mas são 22 mil vagas e tem 31 mil pessoas’. Hoje a gente tem vaga ociosa”, disse o prefeito. Segundo ele, as abordagens são “humanizadas”.

“Serão abordagens ofertando que as pessoas desmontem as barracas. Se quiser montar de noite, não tem problema, mas é preciso que as pessoas compreendam que durante o dia não é razoável que as barracas fiquem no meio da rua”, alegou. “Quando a pessoa não aceita desmontar a barraca, é feita a apreensão, lacrada, e é feita a entrega de um contra-lacre. A pessoa com aquele contra-lacre depois vai na prefeitura e retira.”

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