Após passear sem máscara, Bolsonaro diz que está “preso dentro de uma sala”

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em transmissão ao vivo nesta quinta-feira 23, que tem ficado “preso dentro de uma sala” após ser infectado pelo novo coronavírus. O chefe do Palácio do Planalto havia sido perguntado sobre os efeitos da contaminação em sua rotina.

“Tem limitação normal, da idade. No resto, me sinto muitíssimo bem, disposto. Estou um pouco agoniado, por estar praticamente preso aqui dentro de uma sala. Virou programa para mim ver o arreamento da bandeira nacional”, declarou. “Não precisa ter pavor no tocante ao vírus.”

Bolsonaro alegou estar agoniado com o isolamento algumas horas depois de ser visto passeando em Brasília, montado em uma motocicleta, sem usar máscara. Na ocasião, conversava com funcionários de limpeza de rua. O momento foi flagrado pelo fotógrafo Adriano Machado, da agência Reuters.

O uso de máscara é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O presidente da República anunciou em 7 de julho que está contaminado pela doença. Em seguida, submeteu-se a novos exames e permaneceu com o diagnóstico positivo.

Cloroquina: “Não tô recomendando. Tomei, me senti muito bem”

Bolsonaro voltou a erguer uma embalagem de hidroxicloroquina para a câmera e exaltou supostos efeitos positivos do medicamento. Apesar de fazer campanha aberta sobre o remédio, o presidente afirmou que não está recomendando o uso.

“Deixo bem claro que é uma adesão do médico e do paciente, como foi o meu caso. Não tô recomendando para ninguém não. Eu tomei, 12 horas depois estava me sentindo muito bem”, disse o chefe do Palácio do Planalto. “A mesma coisa me reportou o Onyx [Lorenzoni, ministro da Cidadania] e o ministro Milton [Ribeiro] da Educação”, completou, em referência a ministros infectados que também declararam ter feito uso do remédio.

Porém, um estudo realizado para medir a eficiência da hidroxicloroquina em pacientes com covid-19 demonstrou, novamente, que o medicamento não tem efeito comprovado na melhora do quadro respiratório de quem tem o coronavírus.

Em 17 de julho, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) recomendou o “abandono urgente” da hidroxicloroquina para qualquer fase do tratamento contra a covid-19.