Após ofender apoiadores de Bolsonaro, Doria pede desculpas a aposentados

Durante evento em Taubaté, Doria disse aos aposentados: 'Vai cobrar do Major Olímpio seus ‘duzentinho’ para vir aqui falar bobagem'

João Doria durante evento gastronômico em Taubaté, onde se desentendeu com apoiadores de Bolsonaro (Foto: Governo do Estado de São Paulo)

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Um dia após ter se desentendido com um grupo de apoiadores do governo Bolsonaro, durante evento gastronômico em Taubaté, interior de São Paulo, o governador João Doria publicou um vídeo em suas redes sociais pedindo desculpas. Na gravação, Doria se disse “vítima de uma ação orquestrada por uma turma de baderneiros e perturbadores que não tem apreço pela verdade, justiça e boa educação”.

Ele afirma que ao ser “hostilizado” por integrantes do grupo, que gritavam provocações como “Pinóquio”, “Pinóquio do pau oco” e “Doria surfou na ‘onda Bolsonaro’”, reagiu mal, se excedeu e ofendeu familiares e aposentados. “A essas pessoas eu peço desculpas. A minha manifestação não foi para ofender ninguém, ou nenhuma classe, principalmente de aposentados.”

Um dia antes, as declarações do governador ao grupo foram: “Vai pra casa, vagabundo! Vai comer sua mortadela com a sua mãe, seu sem vergonha”. Depois, direcionou seus ataques aos aposentados: “Vai cobrar do Major Olímpio seus ‘duzentinho’ para vir aqui falar bobagem no microfone. Vai pra casa, aposentado”, emendou o governador.

 

Doria finaliza o vídeo dizendo: “aos arruaceiros, a minha distância e o meu repúdio. Aos aposentados e às pessoas de bem, a essas sim, o meu respeito e minha admiração”.

A reação dos apoiadores de Bolsonaro contra o governador se deve à visível tentativa do tucano de se afastar do governo, em possível movimentação visando a disputa eleitoral em 2022. Embora Doria tenha encampado, na época das eleições de 2018, o movimento “BolsoDoria”, ele segue criticando ações do governo, defendido sua posição ao centro, no que chama de novo PSDB. Por várias ocasiões, classificou as medidas de Bolsonaro como extremistas, caso do discurso na ONU, que Doria considerou “inadequado” e “inoportuno”.

Na esteira de suas críticas, constam a desaprovação diante o desmonte da política ambiental do governo de Bolsonaro, que levou países como Alemanha e Noruega pararem de investir no combate ao desmatamento na Amazônia.

O cancelamento da agenda presidencial com o ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, em julho, também não passou batido. Bolsonaro cancelou o encontro de última hora para cortar o cabelo. Ao saber disso, João Doria imediatamente convidou o ministro para uma reunião. “A França é um dos cinco países mais importantes na relação bilateral com o Brasil. Não foi um bom gesto”, avaliou o governador.

Bolsonaro sofre queda na popularidade e já é o presidente em primeiro mandato mais mal avaliado, desde Fernando Collor quando começaram as pesquisas de avaliação presidencial.

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