O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) anunciou, neste domingo, 21, que entrará com representação na Procuradoria-Geral da República contra o presidente da Câmara, Arthur Lira, e ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos com base nas denúncias feitas pelo deputado Delegado Waldir ao portal The Intercept Brasil.
URGENTE! Estou estou entrando com representação na PGR contra o presidente da Câmara, Arthur Lira e Luiz Eduardo Ramos, Ministro da Secretaria Geral da Presidência da República. Segue o fio 👇
— Ivan Valente (@IvanValente) November 21, 2021
Em entrevista exclusiva, o deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), ex-aliado do Presidente Jair Bolsonaro, expôs que o governo teria pago votos dos parlamentares em votações consideradas prioritárias para o Planalto.
Entre elas, a aprovação da Reforma da previdência e a eleição do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
O ex-bolsonarista revelou como funcionava o ‘orçamento secreto’. Segundo o parlamentar, cada deputado que aceitou a troca de favores, recebeu 10 milhões de reais em emendas parlamentares para uso em suas bases eleitorais pelo apoio à eleição de Lira. Líderes partidários que integravam o esquema recebiam o dobro dos demais.
“Aconteceu na reforma da Previdência, na eleição do Lira [para a presidência da Câmara] e em mais uma [votação] que não me lembro”, disse Waldir.
“R$ 10 milhões [por voto em Lira]. E na [reforma da Previdência, R$ 20 milhões por parlamentar”, afirmou Waldir.
As verbas orçamentárias vinham diretamente do orçamento do Executivo no primeiro momento. Após a criação do chamado ‘orçamento secreto’, os valores passaram a sair das emendas do relator.
O deputado ainda apontou o presidente da Câmara e do Senado, Rodrigo Pacheco, como os agentes que negociavam e liberavam as emendas.
“O Lira e o Pacheco têm o controle dos recursos. ‘Dei R$ 10 milhões para você, R$ 20 milhões para o Fernando, R$ 30 milhões para o Waldir.’ Quem tem esse controle é o assessor de orçamento, o Lira e o Pacheco. Ninguém mais tem”, contou.
CPI do Bolsolão
Ivan Valente já havia articulado a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o ‘orçamento secreto’, liberado pelo presidente para, supostamente, comprar apoio parlamentar.
O deputado apelidou a investigação de CPI do Bolsolão. Até o momento, 60 deputados assinaram o pedido de abertura do procedimento.
A venda de apoio parlamentar no Congresso Federal voltou a ser alvo de discussão após a primeira votação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados.
A proposta do governo foi aprovada depois que o presidente da Casa, Arthur Lira, liberou bilhões de reais em emendas de relator.
Parlamentares relataram que Lura ofereceu a liberação de até 15 milhões de reais para os deputados que votassem a favor da PEC.
Após a divulgação da manobra de Lira, o PSOL protocolou uma ação no Supremo Tribunal visando a suspensão dos pagamentos das emendas. A liminar foi concedida pela ministra Rosa Weber.
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