Política

Apoio do agronegócio a Bolsonaro foi ‘questão de momento’, diz presidente da CNA

‘Nossa ligação não é de política partidária, é política classista’, minimizou o representante

Representante dos ruralistas, João Martins, e Jair Bolsonaro. Foto: Jeremias Alves/Divulgação/CNA
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O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), João Martins, afirmou nesta quarta-feira 8 que o apoio do agronegócio a Jair Bolsonaro (PL) nos últimos três anos foi ‘questão de momento’. A declaração foi registrada pelo site UOL.

“A CNA foi e continuará a ser apolítica. Entendemos que houve algumas manifestações, mas foi questão de momento”, disse, tentando iniciar um descolamento da imagem do ex-capitão. “Com este governo, nossa ligação não é de política partidária, é política classista”, minimizou mais adiante a relação do setor com o Planalto.

Para ele, os ruralistas teriam se aproximado de Bolsonaro pelo ‘diálogo franco, aberto e fácil’ que o ex-capitão teria. O apoio, no entanto, tende a diminuir, já que, conforme insinuou Martins, há diversos problemas no atendimento das reivindicações do setor no atual governo.

“O que nós pedimos deste governo? Temos problemas de escoamento da produção, de infraestrutura. Temos de mudar leis, e temos a Frente Parlamentar [no Congresso Nacional] que intermedia essas questões”, destacou.

O agronegócio é um importante fiador do atual governo federal. Não à toa, Bolsonaro faz questão de elogiar publicamente o setor em diversas oportunidades. Em um dos episódios mais evidentes de aproximação dos ruralistas com bolsonaristas está o 7 de setembro.

Dias antes dos atos antidemocráticos, entidades do agro, lideradas pela Aprosoja, participavam da organização dos protestos que tinham o Supremo Tribunal Federal como alvo. A entidade nega a participação, mas é centro de um inquérito que apura o caso.

O perfil bolsonarista de ruralistas também ficou evidente no recuo de diversas entidades em uma nota tímida da agroindústria em favor da democracia. Era esperado apoio de todo o setor ao texto, no entanto, antes de divulgação, integrantes do grupo decidiram por não participar do movimento de oposição ao governo. A dissidência foi puxada naquele momento pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que representa 200 entidades.

Na luta contra a demarcação de terras indígenas, que Bolsonaro adotou como bandeira nos últimos meses após a derrota no voto impresso, o presidente também conta com o apoio massivo dos ruralistas.

O apoio do agro a Bolsonaro, porém, pode ruir após a péssima condução do presidente na economia. Com o atual governo, o PIB brasileiro recuou 0,1% no último mês e colocou o País na chamada recessão técnica. A queda foi puxada por um desempenho ruim do agronegócio, que viu o setor encolher 8% no período.

Reservadamente, integrantes do setor disseram ao UOL que o grupo apoiará uma candidatura de terceira via em 2022. Caso nenhum nome se viabilize, revelam as fontes, o setor ‘tende a apoiar em peso a reeleição do atual presidente’.

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