Política

Apoio a Bolsonaro e suposto envolvimento com tráfico: quem é o prefeito que se casou com uma adolescente no PR

Hissam Hussein Dehaini ganhou atenção nacional após se casar com uma adolescente de 16 anos e entregar cargo político à sogra

Créditos: Reprodução
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O nome do prefeito de Araucária (PR), Hissam Hussein Dehaini, ganhou os holofotes esta semana depois que veio à tona o seu casamento com uma adolescente de 16 anos da mesma cidade.

O caso também revelou acomodações políticas feitas pelo gestor municipal que envolvem familiares da adolescente, como a mãe da jovem, Marilene Rôde, e a tia da mulher, Elizangela Rode, ambas exoneradas de seus cargos, nesta quarta-feira 26, depois que o Ministério Público passou a investigar suposto caso de nepotismo.

Mas o que se sabe sobre o histórico do homem? CartaCapital reuniu algumas informações sobre o histórico do prefeito.

Hissam Hussein Dehaini é um empresário de 65 anos, natural de São Paulo. Ele se candidatou pela primeira vez a prefeito de Araucária em 2012, mas não se elegeu. Em 2016, tentou novamente o cargo e venceu as eleições para o primeiro mandato, com 37.206 votos (52,49% dos total). Em 2020, Hissam foi reeleito em primeiro turno, com 47.613 votos (68,49%), segundo o TSE.

Desde o início de sua vida política, Dehaini foi filiado ao partido Cidadania, tendo deixado o partido na terça-feira, em meio à repercussão nacional do casamento com a adolescente, sem detalhar os motivos.

Em Araucária, de acordo com a prefeitura, o prefeito também mantem tem negócios no ramo de hotelaria e postos de combustíveis na região.

Em sua declaração ao Tribunal Superior Eleitoral, em 2020, ele declarou ter patrimônio superior a R$ 14 milhões, entre helicóptero, carro de luxo, três apartamentos avaliados em mais de um milhão cada, além de R$ 3 milhões em espécie. Em 2016, a declaração de bens foi de mais de R$ 6,3 milhões. Em 2012, Hissam afirmou à Justiça que tinha mais de R$ 1,4 milhão.

Ligação com o tráfico

Entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000, Hissam Hussein Dehaini foi investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico indiciado por envolvimento com tráfico de drogas, furto e desmanche de veículos, concussão, extorsão, corrupção ativa e passiva.

A suspeita era de que o empresário, apontado como empresário do ramo de hotéis e agência de carros, mantinha em uma das chácaras uma pista de pouso para helicópteros e um laboratório para o refinamento de cocaína, o que foi negado por ele com a justificativa de que operava uma empresa de transporte aéreo.

Ele chegou a ser preso por 60 dias, em março de 2000, pela Polícia Federal, a pedido da CPI nacional. Sete meses depois, voltou a ser detido na fase paranaense da Comissão, denunciado por tráfico de drogas, proteção a traficantes e pagamentos a policiais. Permaneceu detido na Prisão Provisória do Ahú, em Curitiba, mas foi solto 104 dias depois, já em janeiro de 2001.

Sete anos depois, em outubro de 2007, o empresário voltou a ser preso no âmbito da Operação Metástase, acusado de participar de um esquema de fraude de licitações públicas no estado de Roraima. A suspeita era de que a empresa Icaraí Táxi Aéreo, ligada a Dehaini, vencia contratos de forma fraudulenta e recebia valores acima do devido. O indiciamento do inquérito, além da fraude de licitação, incluiu lavagem de dinheiro, descaminho, corrupção ativa, formação de quadrilha, sonegação fiscal, crime contra a ordem econômica e quebra de sigilo telefônico.

À época, um dos filhos do empresário, Rihad Hussein Dehaini, tambémk chegou a ser preso.

Campanha para Bolsonaro

Dehaini também fez campanha de apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022. Em um vídeo, o homem aparece declarando seu voto e incentivando seus seguidores a votarem no ex-capitão.

“Pegamos guerra, pegamos pandemia e levamos o país adiante. Eu voto 22 e você deve votar 22. Vamos lá, junto com Bolsonaro”, afirmou o prefeito paranaense na época.

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