Política
Ao lado de Eduardo Bolsonaro, Deltan ataca Lula e evoca ‘vingança’
O ex-procurador repetiu uma série de acusações superficiais contra o que ele define como ‘sistema’, termo frequentemente usado por bolsonaristas
O ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), cujo mandato de deputado federal foi cassado por decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral, fez um pronunciamento nesta quarta-feira 17 no qual atacou o presidente Lula (PT) e alegou ser vítima de uma “vingança”.
O discurso, proferido ao lado de deputados – a exemplo de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) -, também serviu para repetir uma série de acusações superficiais contra o que ele define como “sistema”. O termo é frequentemente utilizado por bolsonaristas para se referir aos Poderes da República.
“Vimos o sistema retaliando quem cumpriu a lei, contra os agentes da lei, contra quem ousou combater a corrupção no Brasil”, disse Deltan. “Fui cassado por vingança, porque ousei o que é mais difícil no Brasil: enfrentar o sistema de corrupção, os corruptos mais poderosos do Brasil”.
Ele ainda se disse vítima de uma “inversão da presunção de inocência” e acusou o TSE de “fraudar a lei e a Constitutição”.
“As eleições são a porta da transformação numa democracia. Se fechar essa porta, não há mais democracia”, prosseguiu. “É assim que começam as ditaduras. É esse o risco que vivemos hoje no Brasil.”
Deltan atacou Lula em diferentes momentos do discurso – em um deles, referiu-se ao presidente como “descondenado”.
“Todo tombo doi. Mas não vou desistir. Hoje é um novo começo para a minha voz”, acrescentou o ex-procurador. “Jamais vou me arrepender de ter combatido a corrupção. Aqui no Congresso combati o bom combate com orgulho, com honra e vamos seguir lutando. O cargo é apenas um instrumento para lutar por transformação.”
Segundo a tese vencedora no TSE, a “manobra” de Deltan para deixar o Ministério Público Federal e se candidatar à Câmara “impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite no CNMP em seu desfavor viessem a gerar processos administrativos disciplinares, que poderiam ensejar pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo”.
Em seu voto na terça-feira 16, o relator do processo de cassação de Deltan no Tribunal, Benedito Gonçalves, sustentou que “quem pretensamente renuncia a um cargo para, de forma dissimulada, contornar vedação estabelecida em lei, que é a indisponibilidade de disputar a eleição, incorre em fraude à lei”.
Nesta quarta, em seu pronunciamento, Deltan criticou diretamente Gonçalves. “O presidente e seu partido pediram a minha cassação e eles conseguiram que sete ministros superassem todos os pareceres anteriores e me cassaram, liderados por um ministro que já disse ao Alexandre de Moraes, na cerimônia de diplomação do Lula, que ‘missão dada é missão cumprida.'”
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.