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Ao Financial Times, Eduardo diz não ‘confiar em eleições’ e chama ministros do STF de ditadores
O deputado e filho do presidente foi classificado pelo site como ‘um elo no círculo íntimo’ de Donald Trump


O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ‘filho 03’ do presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em entrevista ao Financial Times que não confia nas eleições e disse que membros do Supremo Tribunal Federal são ‘ditadores’.
“Não confio em eleições”, disse pouco antes de relatar o processo que o levou a ocupar uma cadeira como deputado federal, em Brasília. “Gastamos cerca de 10 mil dólares [na campanha] e fui eleito. Foi muita sorte”, classificou.
Ao site, repetiu declarações de ataque ao STF dadas pelo pai em diferentes ocasiões. Segundo defendeu, a Corte estaria ‘lutando’ contra sua reeleição e já em processo de implantar uma ditadura no Brasil.
“Em uma ditadura fecham a imprensa, prendem jornalistas, deportam pessoas, prendem presidentes de partidos, prendem políticos”, afirma. “O que eu disse está acontecendo no Brasil, mas não nas mãos do presidente Bolsonaro, mas nas mãos do Supremo Tribunal Federal”, atacou.
Na conversa, o ‘filho 03’ ainda tratou sobre a liberação desenfreada de armas no Brasil promovida pelo seu pai. Contrariando especialistas no tema e até conclusões da Polícia Federal sobre o assunto, ele disse que a medida seria uma forma de ‘proteção da liberdade’. “Só os ditadores pegam as armas das pessoas porque acham que as pessoas são uma ameaça”.
Questionado pelo FT sobre a possibilidade de repetição dos episódios de violência no Capitólio em caso de derrota de Bolsonaro nas urnas, Eduardo minimizou: “Pensamento futurista. Não sei se [nossos apoiadores] vão para as ruas”, disse. Ao site, afirmou acreditar em mudanças no sistema eleitoral para as eleições de outubro.
Para além da entrevista com o parlamentar, classificado por eles como ‘um elo de Bolsonaro no círculo íntimo de Donald Trump’, o site ainda consultou Tom Shannon, ex-funcionário sênior do Departamento de Estado especializado na América Latina, sobre a postura de bolsonaristas diante de uma derrota. O veículo lembra que Eduardo estava em Washington no dia do ataque ao Capitólio por apoiadores de Trump. Para o especialista, a visita de Eduardo teria sido uma forma de entender como a ação foi orquestrada.
“[Eduardo] olhou muito de perto em 6 de janeiro para entender o que deu errado e por que Trump não teve sucesso. A verdadeira lição para ele foi que Trump estava contando com a multidão para ter sucesso. [Já] Eles [Eduardo e seus aliados] acreditam que precisam de apoio institucional, precisam de Forças Armadas [para um ataque]”, avaliou Shannon.
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