Política
Antes presidenciável, Pacheco é preterido no PSD e pode deixar o partido
Senador vê espaço se fechar após sigla de Gilberto Kassab decidir apoiar vice de Zema em Minas; Lula ainda tenta convencê-lo a disputar o governo estadual


O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado, atravessa um período de indefinição que simboliza o novo rumo do PSD de Gilberto Kassab. O partido, que o filiou em 2021 com o projeto ambicioso de lançá-lo candidato à Presidência da República, agora o deixa à margem das principais decisões e aposta suas fichas em uma aliança com o governador Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais.
A incerteza se intensificou após a confirmação de que o PSD abrigará o vice-governador Mateus Simões, herdeiro político de Zema, com quem Kassab costura um acordo para a sucessão estadual de 2026. O ato de filiação de Simões, marcado para o próximo 27 de outubro, praticamente sepulta as chances de Pacheco disputar o governo mineiro pelo partido. Nos bastidores, dirigentes da legenda afirmam que seria “natural” apoiar a continuidade do projeto de Zema, que mantém bons índices de aprovação e deve disputar a presidência no ano que vem.
Para Pacheco, o cenário é desconfortável. Sem espaço no PSD e distante do núcleo decisório de Kassab, ele se vê diante de um impasse: seguir no partido e não ter condições de disputar um cargo majoritário, ou buscar outro abrigo que lhe permita manter relevância.
Antes, o senador já havia dito que deixaria a política após o fim do seu mandato, em 2027, mas a remota possibilidade de se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal reavivou seu projeto de poder. A vaga aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, no entanto, deve ser ocupada pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, favorito do presidente Lula (PT).
O petista, por sua vez, insiste em manter o senador no tabuleiro. Sem um nome competitivo do PT em Minas Gerais – segundo maior colégio eleitoral do País –, o Planalto vê em Pacheco a única figura capaz de construir um palanque sólido para a reeleição de Lula. O problema é que o senador não parece disposto a enfrentar uma disputa estadual sem uma estrutura robusta de apoio. Ele tem dito a aliados que não aceitará ser “candidato solo”, e que só entraria na corrida se Lula garantisse uma ampla aliança e tempo de televisão.
Do lado das alternativas partidárias, o MDB e o PSB surgem como possíveis destinos. O MDB, presidido por Baleia Rossi, já sinalizou portas abertas para o retorno de Pacheco, que foi filiado à sigla por quase uma década. O problema é que, em Minas, o partido está dividido e tem forte presença em setores simpáticos ao bolsonarismo. Já o PSB, mais alinhado ao governo federal, seria uma opção viável caso Lula consiga convencer o senador a concorrer.
A última pesquisa do instituto Paraná Pesquisas, divulgada em 8 de outubro, reforçou o dilema. Nos cenários testados para 2026, Pacheco aparece em posição intermediária, com desempenho semelhante ao de Alexandre Kalil (PDT) e bem atrás do senador Cleitinho (Republicanos), favorito do eleitorado bolsonarista.
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