Política

Anielle perde espaço na corrida pela vice de Paes e PT reavalia alianças no Rio

Embora conte com apoio da primeira-dama Janja, a irmã da vereadora Marielle Franco estaria mais interessada em disputar uma vaga no Senado em 2026; resistência de Paes também pesa

São Paulo, 13/04/2023 - A ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, participa do 12º Congresso GIFE, com o tema Desafiando Estruturas de Desigualdade, no Memorial da América Latina. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Lideranças do PT do Rio de Janeiro passaram a desconsiderar, nos últimos dias, o nome da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) para a vaga de vice na chapa encabeçada por prefeito Eduardo Paes.

Sob reserva, dirigentes atribuem a dificuldade de convencer Paes a escolher alguém fora do seu grupo político para o posto como principal razão da desistência, de acordo com relatos feitos a CartaCapital. Com a pretensão de disputar o governo do Rio em 2026, o prefeito tem indicado a interlocutores que deseja dar a vaga a uma pessoa de total confiança.

Também pesou o fato de Anielle, apesar da projeção nacional alcançada nos últimos anos pela proximidade com as pautas relacionadas à defesa dos direitos humanos, não possuir experiência na gestão pública.

Embora conte com apoio da primeira-dama Janja, a irmã da vereadora Marielle Franco estaria mais interessada em disputar uma vaga no Senado em 2026, segundo assessores do governo – motivo pelo qual passou a indicar resistência ao posto.

Um evento para oficializar a filiação de Anielle ao PT chegou a ser marcado para 2023, mas acabou cancelado.

A CartaCapital, a ministra ressaltou que o desejo de filiar-se ao PT é “antigo e não depende de candidaturas para o pleito” deste ano. A intenção, segundo ela, é “construir o partido que liderou a frente ampla para a retomada da democracia no Brasil e que sempre esteve à frente de grandes feitos em prol do povo brasileiro”.

Nos bastidores, integrantes do PSOL fluminense chegaram a classificar como “controversa” a possível composição entre Anielle e Paes. O argumento utilizado para questionar a aliança é o fato de uma aliada de Paes, a deputada estadual Lucinha, ter sido alvo da Polícia Federal por envolvimento com a milícia.

A palavra final, contudo, deve vir de Lula. Caso fosse ser candidata nas eleições de outubro, Anielle teria de deixar o cargo no governo até o início de abril, como prevê a legislação eleitoral.

Nos últimos meses, o petista sondou aliados sobre a viabilidade eleitoral da ministra para a vice de Paes. As articulações foram iniciadas ainda em dezembro, mas se intensificaram após agendas do presidente na capital fluminense.

Sua entrada no páreo, contudo, bagunçou o tabuleiro político e ampliou a irritação de outras lideranças do PT, que inclusive trabalhavam com outros nomes. Mesmo com a desistência, dirigentes da legenda afirmam esperar que Paes enxergue a necessidade de ter um petista como vice.

“Mantemos o entendimento de que o prefeito precisa do PT para ganhar e conter a extrema-direita no Rio. Não estamos buscando essa aliança porque o Paes é o suprassumo da política, mas com esse objetivo de, novamente, derrotar o bolsonarismo”, afirmou à reportagem um parlamentar da legenda, sob reserva.

Entre os nomes cotados para uma possível aliança estão a vereadora Tainá de Paula (que chefia a secretaria de Meio Ambiente), o secretário Adilson Pires (Assistência Social) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa fluminense, André Ceciliano.

Uma ala do PT, contudo, resiste à ideia e defende apoio à candidatura de Tarcísio Motta (Psol). Noutra ponta, o deputado federal Washington Quaquá tenta costurar um acordo que envolveria abrir mão da vice para garantir o apoio do PSD à reeleição de Lula, em 2026.

“Precisamos de uma candidatura ampla a governador que amplie as bases do Lula, e essa candidatura é a do Eduardo. Então, não há por que exigir que, além de ser nosso candidato, ele entregue a prefeitura em 2026 para nós com um vice petista”, pontua.

No entorno de Paes, o deputado federal Pedro Paulo (PSD) desponta como o “vice dos sonhos”, por terem uma relação de proximidade há anos. Aliados do gestor também citam para o posto o advogado Felipe Santa Cruz (secretário de Governo) e o médico Daniel Soranz, atual secretário de Saúde.

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