Política

‘Análise’ de Deltan sobre joias de Bolsonaro cita Lula e Dilma 22 vezes

O ex-capitão, em comparação, é citado apenas 9 vezes ao longo do texto assinado pelo ex-procurador

O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
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A autointitulada ‘análise jurídica’ do caso das joias de Jair Bolsonaro (PL) produzida pelo deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), publicada pelo site Gazeta do Povo nesta sexta-feira 10, cita mais vezes os presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff – não envolvidos no caso – do que o ex-capitão, protagonista da acusação.

Ao longo do texto, Lula e Dilma são mencionados 22 vezes pelo deputado federal. São 14 menções ao atual presidente e 8 à ex-mandatária. Bolsonaro é citado em apenas 9 trechos – 10, se contarmos o título da publicação, As joias de Bolsonaro e a gritaria seletiva da esquerda.

Vale ainda mencionar que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro – outro nome central nas acusações – aparece apenas na legenda da imagem usada para ilustrar a coluna. Ela é ignorada por Deltan ao longo da publicação.

A ‘análise jurídica’ do caso das joias, em si, é pouco profunda. O texto oferece mais afirmações sobre supostos desvios de patrimônio que teriam, segundo o deputado, sido cometidos por Lula e Dilma do que, de fato, uma avaliação sobre as acusações que pesam contra Bolsonaro ou as prováveis consequências para o ex-presidente.

O argumento para poupar o aliado, diz Deltan, é que faltaria comprovação para acusá-lo. Ele chega a cobrar a ‘presunção de inocência’.

“Em relação a Bolsonaro, o episódio das joias depende ainda de uma investigação para que os fatos restem completamente esclarecidos”, escreve o ex-procurador. “É esclarecedor notar que as mesmas pessoas que outrora passaram pano para Lula por estar com joias e bens de luxo em seu acervo privado, recebidas enquanto presidente, clamem para que Bolsonaro seja previamente condenado”.

Outra linha defendida pelo ex-procurador para citar apenas brevemente o escândalo atual é que ‘informações novas’ surgiriam a todo momento, não sendo possível, portanto, tirar conclusões. Novamente, cita suas ‘convicções’ sobre Lula para defender ‘paciência’ no caso de Bolsonaro.

“É importante observar que esse ainda é um caso em andamento. Novos fatos são divulgados diariamente na imprensa, e todos os envolvidos apresentam diferentes versões e justificativas para o que aconteceu”, ameniza Deltan. “É, portanto, uma hipocrisia que petistas defensores e aliados de Lula fechem os olhos para os desvios comprovados praticados por Lula, para atacar fatos ainda não completamente esclarecidos que, na pior das hipóteses, são igualmente repreensíveis, relacionados a Bolsonaro.”

Ao fim do texto, o deputado reforça o tom do título de sua publicação e diz que a repercussão negativa para o ex-presidente seria apenas uma ‘gritaria seletiva da esquerda’. Ele encerra a ‘análise’ sem citar Bolsonaro, mas conclamando investigações contra o PT.

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