Entrevistas

Amorim: Nota coloca Forças Armadas de um lado e instituições democráticas de outro

Para ex-ministro da Defesa, ‘é preciso deixar claro que as Forças Armadas não estão acima de qualquer julgamento’

O ex-ministro Celso Amorim. Foto: Antonio Araújo/ Câmara dos Deputados
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O ex-ministro da Defesa Celso Amorim considerou que a nota das Forças Armadas, em resposta ao presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), as colocam “potencialmente” no lado oposto das instituições democráticas. Em conversa com CartaCapital nesta quinta-feira 8, o chanceler disse que o texto foi “acima do tom”.

Na quarta-feira 7, Aziz afirmou que “há muitos anos a gente não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua do governo”.  Em resposta assinada pelo ministro da Defesa, Walter Braga Neto, e pelos comandantes das Forças, os líderes criticam o parlamentar e classificaram a declaração como “grave, infundada e irresponsável”.

“Considerei desnecessária [a nota]. A reação do senador depois dizendo que foi desproporcional é correta. Talvez o Omar não precisasse usar a expressão ‘banda podre’, porque parece que é todo um grupo, mas ele não generalizou. Ele não fez uma ofensa às Forças Armadas”, disse Amorim.

“A expressão ‘banda podre’ talvez não tenha sido a ideal, mas o que ele falou está nos jornais todo dia. É normal a manifestação [do parlamentar], mas é grave uma reação desse tipo”, acrescentou.

Para ele, que viu de perto como se deu o Ato Institucional número 5, o episódio não pode resultar em uma escalada de “reação em cima de reação”. “O Brasil não suporta outro AI-5”, aponta.

De acordo com o ex-ministro, “é preciso deixar claro que as Forças Armadas não estão acima de qualquer julgamento”.

“Ao deixar tantos militares ocuparem funções para os quais não estão capacitados, eles acabam se expondo a esse tipo de crítica”, declarou. “As Forças Armadas têm que se auto-preservarem, pois o ser humano é sujeito a tentações. Portanto, não devem ficar se metendo em qualquer coisa”, completou.

O chanceler ainda analisa que “este é um momento em que as Forças Armadas vão deixar claro se elas são do Estado ou do governo”.

“Quando deixam o presidente chamar de ‘meu Exército’ e entram em uma área que não conhecem, como a Saúde, eles estão sujeitos a esses comentários”, disse.

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