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Achar que Bolsonaro tem mérito por saída de brasileiros de Gaza é um delírio, diz ex-chanceler

A CartaCapital, Aloysio Nunes afirmou que o Brasil deveria declarar o embaixador de Israel persona non grata

O ex-chanceler Aloysio Nunes. Foto: Divulgação
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Acreditar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem qualquer mérito no avanço das negociações para retirar brasileiros da Faixa de Gaza não passa de um delírio. A avaliação é de Aloysio Nunes, ex-ministro das Relações Exteriores, em contato com CartaCapital nesta sexta-feira 10.

Após o anúncio de que os brasileiros foram autorizados a atravessar a fronteira rumo ao Egito, aliados do ex-capitão tentaram atribuir a resolução ao encontro entre Bolsonaro e o embaixador israelense Daniel Zonshine, em Brasília, na última quarta 8.

Na ocasião, convidados pela representação israelense, deputados de oposição assistiram a um vídeo sobre o ataque executado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro. Posteriormente, a Embaixada de Israel negou ter chamado Bolsonaro para a reunião, no Congresso Nacional.

Mesmo assim, parlamentares de extrema-direita passaram a publicar nas redes sociais mensagens sobre uma suposta participação de Bolsonaro nas tratativas diplomáticas. O ex-presidente também disse à CNN Brasil ter conversado com Yossi Shelley, um dos assessores do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e pedido apoio para a liberação dos brasileiros.

“Quem acredita que a Terra é plana pode acreditar em qualquer coisa”, ironizou Aloysio Nunes em conversa com a reportagem. “Evidentemente, é um delírio, resultado do fanatismo. E impostura por parte do Bolsonaro, que deve alimentar esse tipo de maluquice.”

O ex-chanceler também criticou a conduta de Zonshine e classificou o embaixador de “despreparado e inadequado para o posto”.

Ele merecia ser declarado persona non grata, porque se meteu em assunto de política interna brasileira. Não tem nenhum sentido”, prosseguiu. “É uma pessoa desqualificada para exercer esse posto em um país-chave.”

Questionado sobre a atual fase do conflito no Oriente Médio, Nunes demonstrou pessimismo.

“Não há solução política por parte do Hamas, porque ele quer a destruição do Estado de Israel, e não conseguirá. Do ponto de vista israelense, também não tem perspectiva política”, avaliou. “A única hipótese de pacificação seria a adoção da resolução sobre os dois Estados, mas isso não é possível com o atual governo de Israel, composto por um populista ao lado de alguns piromaníacos.”

Nesta sexta, o Ministério da Saúde do Hamas anunciou que 11.078 pessoas morreram em bombardeios israelenses contra o enclave desde o início da guerra, em 7 de outubro.

De acordo com a pasta, entre os mortos estão 4.506 crianças e 3.027 mulheres. Os atentados também deixaram 27.490 feridos.

Também nesta sexta, Israel reduziu de 1.400 para 1.200 o número de mortos no ataque do Hamas ao seu território.

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