Política

“Acabou, porra!”, diz Bolsonaro ao criticar inquérito das fake news e STF

Presidente impediu jornalistas de fazerem perguntas e acusou investigação do Supremo de ser um ataque contra ‘mídias favoráveis’ a ele

(Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro resolveu expressar sua opinião sobre o inquérito das fake news, que corre no Supremo Tribunal Federal e que teve seus primeiros mandados de busca e apreensão realizados ontem (27) pela Polícia Federal em diversos lugares do País. Em fala aos jornalistas na saída do Palácio do Planalto, o presidente xingou a ação do STF, disse que se “colocava no lugar” dos investigados e afirmou que a investigação tem como objetivo “tirar a mídia” favorável a ele do ar.

Com um discurso de “respeito às instituições”, o presidente não demorou para atacar o Supremo: disse que as coisas tinham “um limite” e que ontem tinha sido “o último dia” – sem especificar necessariamente de quê. Logo depois, xingou a ação do STF. “Acabou, porra! Me desculpe o desabafo. Não dá pra admitir mais atitudes de certas pessoas individuais tomando de forma quase que pessoal certas ações. Nós vamos continuar livres mesmo com o sacrifício da própria vida.”, disse.

Impedindo os jornalistas de questionarem suas falas, o presidente falou por minutos e foi aplaudido pelos apoiadores que diariamente o aguardam ali – os mesmos que frequentemente hostilizam a imprensa. Bolsonaro afirmou que se coloca no lugar daqueles que tiveram “suas propriedades privadas invadidas na madrugada” pela Polícia Federal.

“Suas propriedades privadas invadidas na madrugada. Me coloco no lugar deles. O que eu ia explicar pra minha filha de 9 anos o que a PF tá fazendo lá? Papai é bandido, papai é marginal?”, falou. Os agentes da PF cumpriram 29 buscas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. A investigação foi aberta no dia 14 de março de 2019, por portaria assinada pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, e trata de ameaças, ofensas e fake news disseminadas contra integrantes da Corte e seus familiares.

Para o presidente, porém, a ação visa atingi-lo diretamente porque os sites investigados pelo STF têm teor pró-governo, e o nomeado “gabinete do ódio” seria uma invenção articulada contra ele.

“O objetivo dessa ação é atingir quem me apoia. Eu convivo com a esquerda. Posso não suportar, mas eu convivo. Querem tirar a mídia que eu tenho ao meu favor sobre o argumento mentiroso de fake news“, disse. “Idiotas inventaram o gabinete do ódio, inventaram. Outros imbecis publicaram matérias a respeito, e agora, lamento, julgamento em cima disso.”, afirmou.

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