Abin teve que desmentir boato sobre ‘terroristas comunistas’ em Brumadinho

Boato atribuído a um tal Observatório da Direita Brasileira acusava a prisão de guerrilheiros cubanos e venezuelanos na região da tragédia

Boato de ação terrorista em Brumadinho se espalhou na direitosfera (Foto: Reprodução/@jairmearrependi)

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As indústria virtual de fake news está se aproveitando da tragédia em Brumadinho (MG) para difundir notícias falsas e alimentar teorias conspiratórias – contra a esquerda, claro. Circula pelo WhatsApp e nas redes sociais desde o dia 26 um texto que atribui o rompimento da barragem a uma ação de terroristas sul-americanos, cujo o objetivo oculto é desestabilizar o governo Bolsonaro.

Tamanha a repercussão, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) veio a público esclarecer que o desastre NÃO foi obras de terroristas cubanos e venezuelanos. “A ABIN não recebeu qualquer relato sobre prisões de venezuelano e cubano na região”, diz a nota divulgada pela agência.

A Polícia Rodoviária Federal também teve de esclarecer que não prendeu nenhum venezuelano ou cubano suspeito de explodir a barragem. 

A postagem atribuía à “fontes da Abin” a notícia – curiosamente inventada com muita criatividade – de que a Polícia Federal Rodoviária havia prendido um cubano e um venezuelano próximo à cidade: Juan Pablo Mercês, ex-guerrilheiro das FARC com sete mandados de prisão e Antonio Cabalero, condecorado com a Estrela Vermelha por sua atuação destacada em ações de sabotagem na guerra civil de Angola.

Além disso,”várias células terroristas venezuelanas se infiltraram no país desde a vitória de Jair Bolsonaro”. O motivo de tanta ousadia? Sabotar as indústrias que lideram a economia brasileira e frustrar a “abertura econômica conduzida por Paulo Guedes”.

Assinava o furo de (não) reportagem um tal Observatório da Direita Brasileira, que não possui site ou perfil nas redes sociais. O site E-farsas compilou alguns compartilhamentos do Facebook. Confira na íntegra aqui.


O modus operandi é muito parecido com o das milícias virtuais que atuavam desde a campanha eleitoral: textos apócrifos, compartilhamento em massa e narrativas novelescas que revelam um inimigo oculto. Na tela do Facebook ou do WhatsApp fica difícil distinguir notícias das lorotas com algum verniz de credibilidade.

Um estado encomendado pela Avaaz constatou que 89% dos eleitores de Bolsonaro acreditaram em notícias falsas às quais foram expostos durante a campanha eleitoral. Um exemplo é a farsa do kit gay, apresentada 85,2% dos eleitores do militar e tomada como verdade por 83% destes.

A novidade é que, pela primeira vez, essas táticas atingem setores do governo, que perdem um tempo precioso as desmentindo.

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