Justiça
A tentativa do PL de reorganizar a oposição após prisão de Bolsonaro
Encontro emergencial com Valdemar Costa Neto reúne núcleo familiar, bancada e advogados do ex-presidente
Em meio ao impacto provocado pela prisão preventiva de Jair Bolsonaro, o PL realiza nesta segunda-feira 24 uma reunião emergencial em Brasília para reorganizar a oposição e manter coesa a estratégia em torno de seu principal objetivo no Congresso Nacional: a votação da anistia.
Convocado pelo presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, o encontro ocorre na sede do partido e reúne cerca de 50 congressistas, além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de filhos do ex-presidente.
A meta é estruturar uma reação coordenada. O comparecimento do núcleo familiar – Michelle, Flávio, Carlos e Jair Renan — ao lado das principais lideranças da legenda é visto internamente como um movimento para preencher o vácuo deixado por Jair e evitar disputas por protagonismo.
Um dos advogados de Bolsonaro, Paulo Amador Cunha Bueno, fez uma exposição a portas fechadas, interpretada por congressistas como uma “aulinha” de direito penal. Ele reforçou que o ex-presidente “precisa” dos deputados e dos senadores e cobrou ampliação da pressão por anistia, tratada pela cúpula do PL como a principal resposta ao encarceramento do ex-presidente.
O encontro também discute a possibilidade de apoiar o avanço do projeto de dosimetria relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que reduz penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro.
A insistência na anistia, porém, esbarra na resistência de partidos do Centrão, que afirmam não haver ambiente para votar qualquer medida relacionada aos atos golpistas. A decisão de pautar o projeto cabe ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), alvo da pressão direta de dirigentes do PL desde o fim de semana.
Um encontro com líderes partidários da Casa Baixa é esperado para esta terça-feira 25. Na ocasião, os bolsonaristas provocarão e pressionarão Motta para que ele paute o tema. Diante da recente crise do presidente da Câmara com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), a expectativa é que Motta finalmente tire a anistia do papel.
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