Política
A solução de Lula para os partidos aliados não contemplados com ministérios
Ficaram de fora legendas como Solidariedade, PV, Avante, PROS e Agir, que faziam parte da Coligação Brasil da Esperança
A composição dos 37 ministérios do governo Lula (PT) não contemplou partidos aliados que estiveram ao lado do petista desde o primeiro turno da eleição deste ano.
Ficaram de fora legendas como Solidariedade, PV, Avante, PROS e Agir, que faziam parte da Coligação Brasil da Esperança junto com PT, PSB, PCdoB, Rede e PSOL.
Para não se tornar um novo dilema para o futuro governo, a solução encontrada foi comportar as siglas no segundo escalão da gestão federal. Entram na conta secretárias em ministérios, além de cargos em empresas estatais.
“Tenho certeza que teremos juntos o Agir, Avante, Solidariedade, PV e todos os demais”, afirmou nesta quinta-feira 29 a CartaCapital o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), futuro líder do governo no Congresso Nacional. “Nessa obra enorme da reconstrução nacional cabem todos os partidos que estiveram no primeiro e segundo turnos”.
As articulações serão feitas pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, pelo futuro ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e pelos líderes do governo na Câmara, José Guimarães, e do Senado, Jaques Wagner.
“Demos o primeiro passo, avaliamos a experiência, as características das pessoas indicadas e o tamanho dos partidos e da presença no Congresso Nacional”, afirmou a jornalistas Padilha. “Mas esses partidos [que ficaram de fora] têm quadros competentes e vão ajudar a compor o governo”.
A declaração foi dada logo após o presidente eleito anunciar mais 14 ministros e atender, com três ministérios cada, os partidos que sempre foram alvos do petista para formar a base de sustentação no Congresso: MDB, União Brasil e PSD.
O tema foi tratado com prioridade pelo PT por conta do trauma com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Na Câmara, foram 367 votos -25 a mais dos necessários – contra a ex-presidente e apenas 137 votos a favor, com 7 abstenções e duas ausências. O pedido de abertura foi aceito à época por Eduardo Cunha, que presidia a Casa.
Os votos dos três partidos foram fundamentais para a aprovação da PEC da Transição, que deu início à formação da base aliada do novo governo.
Incertezas no União Brasil
O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, e o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento, indicaram que o partido não vai compor a base de Lula. Quem esteve à frente das negociações foi o senador Davi Alcolumbre, que emplacou aliados no novo governo e foi elogiado pelo presidente eleito durante o anúncio.
As pastas destinadas à legenda foram a das Comunicações com o deputado Juscelino Filho (MA), do Turismo com Daniela do Waguinho (RJ) e da Integração e Desenvolvimento Regional com Waldez Goés (AP) que, embora do PDT, deixará a sigla.
De acordo com Bivar e Nascimento, as escolhas não contemplaram a bancada do partido na Câmara dos Deputados. Uma possibilidade é que a legenda ocupe também cargos do segundo escalão.
Desde o início, um dos objetivos da sigla, em especial do líder da Câmara, era manter a influência na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
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