Política

A resposta do Prerrogativas às insinuações de Deltan e Moro no caso Marielle

Coletivo avalia que as delações não foram conduzidas conforme o modus operandi da Lava Jato

Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Fotos: Jefferson Rudy/Agência Senado e Lula Marques/Agência Brasil
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O Prerrogativas, grupo formado por advogados e juristas, rechaçou nesta terça-feira 25 as alegações do ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e do senador Sergio Moro (União-PR) sobre o uso de delações premiadas na investigação do assassinato de Marielle Franco.

Na segunda 24, após vir à tona a delação do ex-policial militar Élcio de Queiroz, Deltan afirmou que “a esquerda, os garantistas de ocasião e os prerrogativistas todos festejerão o que até ontem eles criticavam na Lava Jato”. Na mesma linha, Moro declarou esperar “que identifiquem o mandante e mordam a língua” e que “foram delatores que também revelaram a roubalheira na Petrobras durante os governos do PT”.

Para o Prerrogativas, porém, as delações no caso Marielle não foram conduzidas conforme o modus operandi da Lava Jato. O coletivo se referiu aos críticos como “cínicos, oportunistas, insensíveis e cruéis”.

“Não foram ‘sugeridas’ por juízes , promotores ou por delegados da Polícia Federal. Não foram, e nem poderiam ser, o único ou até mesmo o mais importante meio de prova. Não foram obtidas por tortura de qualquer natureza… Não foram vulgarizadas, monetizadas ou premiadas no velho costume da chamada República de Curitiba. Foram apenas mais um elemento em uma investigação que já dura anos e que envolve inúmeras instituições, entre as quais o próprio Ministério Público do Rio de Janeiro”, diz uma nota emitida pelo grupo.

Em referência a Moro, os advogados apontam que o “juiz-jogador” não priorizou as investigações sobre a morte de Marielle após assumir o Ministério da Justiça sob Jair Bolsonaro, definido como “um presidente blindado pelo ministro que vestiu a capa do Batman e que tanto envergonhou e envergonha o nosso sistema de Justiça”.

“As indignações de Moro e de Deltan, sempre seletivas, deveriam se voltar contra o assassinato odioso da nossa querida vereadora Marielle, vítima de um ódio que eles próprios ajudaram a inocular na sociedade”, prossegue o Prerrogativas. “Mas, como diz o sábio ditado popular, de onde nada se pode esperar, nada pode vir realmente… A eles, o destino que se espera. Sairão da vida pública pela porta dos fundos da históri. Exatamente como entraram.”

A versão apresentada em delação por Élcio de Queiroz é corroborada por diversas provas colhidas pelos investigadores. Os detalhes constam de uma decisão do juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, e foram revelados pelo site UOL.

Um dos pontos diz respeito ao planejamento do assassinato. Segundo o delator, Ronnie Lessa e Suel – como é conhecido o ex-bombeiro Maxwell Simões – teriam feito uma campana em 1º e 2 de fevereiro de 2018 para acompanhar e registrar a rotina da vereadora. Os registros de Estações Rádio-Base mostram que os dois estavam no local e no Cobalt usado no monitoramento e no crime.

O registro da placa do carro (feito por Optical Character Recognition, um sistema de reconhecimento de caracteres por imagens usado para identificar a circulação de veículos) também foi utilizado pelos investigadores para confirmar a delação.

Outro ponto citado pelo juiz é que Queiroz disse que no dia do crime, Ronnie Lessa – autor dos disparos – teria trocado de lugar no Cobalt assim que o carro parou próximo à Casa das Pretas, de onde Marielle saiu antes de ser assassinada. Ele estava no banco do carona e passou, com o carro parado, para o banco de trás do veículo. Segundo os investigadores, o relatório de imagens preliminares da Delegacia de Homicídios de 26 de março de 2018 identifica um “balanço anormal no carro e um braço no vidro traseiro.”

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