Política

A resposta de Paulo Pimenta às críticas da esquerda sobre a comunicação do governo

‘Há uma distorção na interpretação do nosso papel. Somos comunicação institucional e não podemos fazer a briga de rua nas redes sociais’, justifica o ministro

O ministro da Secom, Paulo Pimenta. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, rebateu, na manhã desta sexta-feira 14, as críticas que tem recebido – inclusive por parte de aliados – sobre a comunicação do governo federal.

Em entrevista ao Poder em Pauta, no canal do Youtube de CartaCapital, ele apontou erros de interpretação dos críticos a respeito do papel da Secom na atual administração.

“Eu recebo de forma muito respeitosa essas observações [de críticas à comunicação do governo]. Mas existe uma dose de incompreensão”, diz Pimenta. ““Essas pessoas têm a expectativa de que a gente possa ser um gabinete do ódio ao contrário.”

Ele afirma que há barreiras legais que não podem ser quebradas pela sua gestão ao tratar das ações do governo. O papel esperado pelos aliados, defende, precisa ser desempenhado por outras figuras, como políticos, partidos, influenciadores e veículos progressistas. Não cabem, por exemplo, memes com Lula ou cards de comparações com o governo anterior.

“Respeito quem acha que temos que fazer uma comunicação mais agressiva, mas não podemos”, insistiu. “A gente gera conteúdo, quem vai trabalhar esse conteúdo na sociedade não é o governo.”

Pimenta reconheceu que será preciso, ao longo dos próximos meses, promover mudanças na comunicação oficial, em especial, nas redes sociais. Ele pondera, porém, que toda a comunicação se manterá dentro do limite legal e institucional.

“Temos que melhorar, sim, a comunicação do governo nas redes sociais, na disputa da narrativa, mas essa ‘briga de rua’ não será feita pelo governo”, finalizou.

Os saldo dos 100 primeiros dias

Pimenta também reconheceu deslizes no anúncios de programas de governo antecipados pelos ministros a veículos de imprensa. O mais recente, cita, foi a mudança que o governo pretende fazer nas importações. A medida foi lida pela sociedade, de forma geral, como uma nova tributação.

“Na realidade, toda empresa correta já paga imposto, a mudança é sobre quem tenta burlar a lei. Você compra no site e a empresa envia encomenda sem o nome dela, sem nota e sem pagamento de tributo. Então a medida é correta, protege a economia e combate à sonegação. Mas a forma como ela chegou para a população não foi adequada”, relata. “Quando a Secom foi chamada, ajudamos a criar a narrativa correta, que não surgiu, em função da desinformação”.

Para ele, erros como este foram cometidos pelos ministros por todos terem trajetória de protagonistas na política. “O governo é grande, muitos ministros já foram governadores e outros até candidatos a presidente”, justifica. “São figuras fortes, acostumadas a dar entrevistas”

Pimenta garantiu que os ajustes necessários para evitar desencontros já foram implementados. “Essa medida [procurar a Casa Civil antes de anunciar qualquer projeto] vale também para a comunicação. A regra é essa. Estamos procurando todos os dias ajudar que essa regra seja observada”.

Lives semanais

Pimenta reforçou, ainda na entrevista, que Lula, de fato, pretende fazer lives semanais nas redes sociais para abordar temas do seu governo em um canal mais direto com a população. O modelo é bastante semelhante ao que foi usado por Jair Bolsonaro ao longo dos últimos quatro anos.

“Hoje em dia é quase impossível imaginar um líder político que não se utilize das possibilidades que as novas tecnologias e redes oferecem”, diz. “Lula fala muito com a imprensa. Ele fez coletivas, exclusivas e cafés. Ele vai continuar fazendo isso. Mas como temos vontade de aprofundar conversas sobre assuntos, temos que ter tempo”, defende.

“Vamos pegar um exemplo, voltando da China, é bom que ele faça uma live sobre os resultados. Ele não vai fazer isso em coletiva ou exclusiva. Ele pode fazer live”.

Assista a íntegra:

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