A Lei da Anistia, 38 anos depois

O documentário "Olhares Anistia" entrevista vítimas e algozes da repressão para traçar um complexo painel sobre a legislação que protege torturadores

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Há exatos 38 anos, em 28 de agosto de 1979, a Lei da Anistia entrava em vigor, imposta pelos militares e seus apoiadores no Congresso e na sociedade. Reinterpretar aquele momento e relacioná-lo com o presente é a base do documentário “Olhares Anistia”, dirigido pelo historiador e cineasta Cleonildo Cruz e roteirizado pela jornalista Micheline Américo.

Em 70 minutos, “Olhares Anistia” consegue traçar um amplo painel da lei e de suas consequências, sem deixar de mesclar diferentes visões a respeito do tema. Além de vítimas da repressão, o documentário entrevistou agentes da ditadura, entre eles o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do centro de torturas DOI-Codi falecido em 2015. “Não poderia me furtar a ouvir os militares. Pretendo revelar as perspectivas de ambos os lados, extrair de cada fato o contraditório, desvelando segredos de cada personagem e entrevistados”, explica Cruz.

Assista ao trailer do documentário:

Segundo o diretor, o ineditismo de “Olhares Anistia”, patrocinado pela Chesf via Lei Rouanet, reside justamente nesta gama de opiniões captada durante as filmagens. A roteirista Micheline Américo concorda: “Trata-se de um filme polêmico, numa conjuntura política atual bastante polarizada, cujas reações do público podem variar da náusea à empatia”.

O filme também ouve os integrantes do Ministério Público que tentam anular os efeitos da lei e levar ao banco dos réus os torturadores a serviço do Estado. O debate atual sobre a revisão ou a reinterpretação da Anistia é ambientado na sujeição aos tratados internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é signatário, frisam os autores.


“Olhares Anistia” será lançado nesta segunda-feira 28 em Recife, terra do diretor, no auditório da G2 da Universidade Católica de Pernambuco, às 18 horas. O documentário é a principal atração do seminário “O golpe de ontem e de hoje”, promovido pelo Comitê Memória, Verdade e Justiça, movimentos sociais, sindicais e entidades de Direitos Humanos. Após a projeção haverá um debate com Gilney Viana, ex-preso político, Fernando Coelho, presidente da Comissão Estadual da Verdade Dom Helder Câmara, e Anacleto Julião, ex-exilado político.

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