Justiça

A ironia de Moraes contra general envolvido na trama golpista

As justificativas de Mário Fernandes entrarão para os anais da literatura, afirmou o ministro do STF

A ironia de Moraes contra general envolvido na trama golpista
A ironia de Moraes contra general envolvido na trama golpista
O ministro Alexandre de Moraes, do STF. Foto: Gustavo Moreno/STF
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O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes ironizou, nesta terça-feira 16, os argumentos do general Mário Fernandes, réu por envolvimento na tentativa de golpe de Estado. O julgamento da ação penal ocorre na Primeira Turma.

Segundo o relator do processo, Fernandes poderia, em seu interrogatório, ter recorrido ao silêncio em vez de alegar que o plano de assassinar autoridades não passaria de um “pensamento digitalizado”.

“Às vezes, realmente, entendemos a importância do direito ao silêncio. É melhor pedir o direito ao silêncio do que dizer: ‘é um arquivo digital que nada mais retrata que um pensamento meu que foi digitalizado”, afirmou Moraes.

Dirigindo-se ao presidente da Primeira Turma, Flávio Dino, Moraes declarou que a justificativa do general entraria “para os anais da literatura nacional”. “O pensamento digitalizado com lançador de foguetes…”, completou o relator, com ironia.

Em julho, em seu interrogatório, Fernandes disse ao STF: “Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um pensamento, uma análise de riscos. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém”.

O STF julga nesta terça os seis réus do núcleo 2 da trama golpista. Segundo a Procuradoria-Geral da República, eles são responsáveis por elaborar a chamada “minuta do golpe”, articular a Polícia Rodoviária Federal para dificultar o voto de eleitores do Nordeste em 2022 e e planejar a operação Punhal Verde Amarelo, com o objetivo  de assassinar autoridades como o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes.

Compõem o Núcleo 2:  

  • Fernando de Sousa Oliveira (delegado da Polícia Federal)
  • Filipe Martins (ex-assessor internacional da Presidência da República)
  • Marcelo Câmara (coronel da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência)
  • Marília Ferreira de Alencar (delegada e ex-diretora de Inteligência da Polícia Federal)
  • Mário Fernandes (general da reserva do Exército)
  • Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal)

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