A indígenas, Bolsonaro promete liberar exploração de terras

Acompanhado por ruralistas, presidente se comprometeu também a mudar o comando da Funai, caso os apoiadores queiram

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O presidente Jair Bolsonaro se encontrou com dezenas de indígenas apoiadores do seu governo em frente ao Palácio do Planalto nesta quinta-feira 12. A eles, o mandatário prometeu mais ‘liberdade para explorar terras’, como os ‘irmãos fazendeiros’, e mudar qualquer integrante da Funai caso eles solicitem.

O encontro ocorre poucos dias depois de Bolsonaro ser denunciado no Tribunal Penal Internacional de Haia por genocídio da população indígena no Brasil.

“Queremos a independência de vocês para fazerem dentro da terra o que o irmão fazendeiro faz na fazenda vizinha”, afirmou Bolsonaro logo após indicar que os indígenas deveriam aproveitar a visita a Brasília e procurar os parlamentares para garantir apoio ao PL 490.

“O projeto que está no parlamento está na iminência de ser votado e a presença de vocês é muito boa hoje porque vocês podem ir no parlamento também tratar com outras lideranças”, indicou o presidente.

O PL 490 é considerado um retrocesso na demarcação de terras indígenas no Brasil e na liberação da mineração nesses territórios.

A proposta altera o Estatuto do Índio ao transferir para o Congresso o poder de demarcar terras indígenas, hoje responsabilidade da União. A proposta também dá aos deputados poder para ‘corrigir’ demarcações já homologadas e mudar os parâmetros e critérios do procedimento de demarcação. Abre caminho ainda para a exploração de recursos minerais nesses territórios.


Segundo Bolsonaro, o projeto só não foi aprovado ainda por ter um forte lobby internacional contra ele. “Eu espero que o parlamento aprove esse projeto e dê a tão sonhada liberdade aos nossos irmãos. Precisamos de cada vez mais produção. Alguns outros países são contra isso e vão nos atacar. A pressão de fora é muito grande, tem países que não compram o que os índios produzem”, explicou.

Enquanto tirava fotos, Bolsonaro afirmou também que está disposto a mexer na Fundação Nacional do Índio (Funai) caso os seus apoiadores indicassem que isso deveria ser feito. Atualmente, o presidente da fundação é Marcelo Xavier, que já recebeu madeireiros e garimpeiros em reuniões fora da agenda. A presença dessas comitivas de exploradores foi ampliada em Brasília desde que Bolsonaro assumiu, como revelou reportagem de CartaCapital.

“Se quiserem mudar alguém da Funai é só apresentar o nome que a gente muda”, garantiu o presidente. Ao que de pronto Xavier respondeu: “Não sendo o meu tá bom”.

Bolsonaro ainda prometeu aumentar o valor do Bolsa Família ao ser cobrado por um indígena que recebe o benefício. “Não vai acabar o Bolsa Família e vamos aumentar no mínimo 50% agora no final do ano”, respondeu.

O presidente esteve ao lado de fazendeiros e deputados da bancada ruralista, como o deputado federal Nelson Barbudo (PSL-MT) e o cantor sertanejo Sérgio Reis, sócio da cooperativa Kayapó Ltda., cujo objetivo é a “extração, exploração agroindustrial, produção e comercialização (…) de recursos minerais dentro da reserva indígena Kaypó”, segundo a própria ata de fundação da cooperativa.

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