Política
À imprensa internacional, Lula defende questão climática como prioridade zero
O petista falou sobre a retomada das ações de enfrentamento ao desmatamento e reforçou que o compromisso também deve envolver países que têm territórios amazônicos


O ex-presidente Lula (PT) declarou nesta segunda-feira 22 que a questão climática terá prioridade em um possível governo do PT, bem como as ações de enfrentamento ao desmatamento e queimadas na região amazônica, fruto de disputas de grupos ilegais e que têm colocado em risco os povos tradicionais e os ativistas que atuam na região.
Em coletiva à imprensa internacional, o petista acrescentou que as agendas são fundamentais para que o País volte a recuperar protagonismo e possa cumprir acordos já estabelecidos.
“Hoje, quando há uma queimada, não há um responsável, porque aquela terra não tem dono, ele não aparece”, criticou ao defender a construção de uma política de enfrentamento que envolva não só o estado, mas demais setores da sociedade. “É plenamente possível fazer uma luta dura contra o desmatamento, queimadas, envolvendo prefeitos, movimentos sindicais, igrejas, Ministério Público. Essa não é uma tarefa de uma única pessoa, mas de um único País”.
Lula ainda defendeu que a riqueza da biodiversidade seja utilizada com responsabilidade para gerar melhoria de vida e emprego às populações locais. “O Brasil é soberano sobre o território da Amazônia, mas não pode ser ignorante, deve permitir, junto à ciência, a exploração desse potencial da nossa biodiversidade para saber o que a gente pode produzir, seja na indústria de cosméticos, fármaco, para que a gente possa gerar possibilidade de melhoria de vida e emprego para praticamente 20 milhões de pessoas que moram na região amazônica”.
O ex-presidente ainda afirmou que o desafio sobre a região deve envolver um diálogo permanente com todos os países que têm territórios amazônicos. “Temos que envolver nessa discussão todos os países amazônicos, como Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, inclusive a Bolívia que está próximo de nós, para uma atitude coletiva na preservação de nossas florestas e biodiversidade”.
Para o petista, a questão climática e uma nova governança mundial devem pautar as relações internacionais. “Tudo que foi criado em 1949, após a ONU, é preciso que haja uma renovação, outras instituições que ajam diferente do FMI, mais países participando do Conselho de Segurança, uma nova geopolítica mundial para discutir a questão climática”, defendeu. “É com esse ímpeto que estamos nos preparando para ganhar uma eleição”.
Lula disse também que os indígenas “vão cuidar da Amazônia com muito mais força se eles tiverem autoridade em suas mãos para isso”.
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