Justiça

Moraes nega pedido de Bolsonaro para estender prazo de manifestação no inquérito do golpe

A defesa do ex-capitão afirmou que os 15 dias dado pelo magistrado seriam insuficientes diante da complexidade do processo e defendia prazo de 83 dias

Moraes nega pedido de Bolsonaro para estender prazo de manifestação no inquérito do golpe
Moraes nega pedido de Bolsonaro para estender prazo de manifestação no inquérito do golpe
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Evaristo Sa/AFP
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, impôs mais um revés à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e negou, nesta quinta-feira, uma solicitação que pedia a ampliação do prazo concedido para manifestação no bojo do inquérito.

A defesa do ex-capitão afirmou, em ofício encaminhado ao magistrado, que o intervalo de 15 dias dado pelo magistrado é insuficiente diante da complexidade do processo e defendeu um prazo de 83 dias – o tempo levado pela PGR para analisar o relatório da Polícia Federal e apresentar a denúncia.

O pedido foi feito dois depois de o procurador-geral da República Paulo Gonet apontar Bolsonaro como líder da organização criminosa que atuou para reverter o resultado das eleições de 2022 através de um golpe de Estado.

Escreveu Moraes em sua decisão: “Os requerimentos alternativos formulados para a concessão de 83 (oitenta e três) dias de prazo ou prazo em dobro, carecem de qualquer previsão legal, pois a legislação prevê o prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 4º da Lei 8.038/90 e no art. 233 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal”.

No documento enviado ao Supremo, os advogados do ex-presidente alegaram que ainda não teve acesso total aos autos – a exemplo de conteúdos extraídos de celulares apreendidos e depoimentos da delação – e isso poderia prejudicar o direito à ampla defesa.

Eles também pediram que a manifestação de Bolsonaro ocorra somente após Cid, já que a lei garante aos acusados o direito de apresentar suas alegações depois do colaborador.

“A dificuldade de obter o que de fato pode ser considerado ‘acesso amplo’ cobra um preço alto e impagável, porque atinge direta e fatalmente o próprio exercício do contraditório e da ampla defesa”, escreveram os defensores.

Os advogados solicitaram intimação da PF para esclarecer onde estão armazenadas determinadas provas que ainda não teriam sido disponibilizadas integralmente. Caso o Supremo não conceda os 83 dias, a defesa pede ao menos um prazo em dobro, alegando que há diversos réus no processo e que parte dos autos ainda está em formato físico.

Bolsonaro e mais de 30 pessoas, entre ex-ministros e militares, foram enquadrados nos crimes de organização criminosa, golpe de Estado, dano qualificado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Segundo a PGR, o ex-presidente “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva” na articulação golpista para se manter no poder.

Um dia depois da apresentação da denúncia, Moraes abriu prazo para que os envolvidos rebatessem as conclusões de Gonet. Além disso, retirou o sigilo da colaboração premiada firmada pelo tenente-coronel Mauro Cid com a PF, na qual ele relata detalhes sobre o plano golpista e implica diretamente seu ex-chefe.

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