Política
A estratégia de Bolsonaro para ‘mandar mais que o presidente’ em 2027
O ex-presidente está inelegível devido a duas condenações


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou neste domingo 29, em ato na Avenida Paulista, em São Paulo, sua obsessão por conquistar maioria no Congresso Nacional — especialmente no Senado — com as eleições de 2026.
Ser majoritária na Casa Alta é uma prioridade para a extrema-direita. Seria uma forma, por exemplo, de fustigar ministros do Supremo Tribunal Federal, inclusive com a ameaça ou a abertura de processo de impeachment.
“Se vocês me derem, por ocasião das eleições do ano quie vem, 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil”, alegou o ex-capitão em São Paulo. “Se vocês me derem isso — não interessa onde eu esteja, aqui ou no além —, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente da República.”
Ao se dirigir ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Bolsonaro disse que ainda haveria 50% do Parlamento “para o Republicanos, o PSD, o PP, o MDB e o União Brasil”.
Com essa maioria, acrescentou, o bolsonarismo elegeria os presidentes da Câmara e do Senado, controlaria as comissões mais importantes do Congresso, definiria os comandantes das agências reguladoras e escolheria o presidente do Banco Central.
Para atingir a maioria no Senado, seria necessário ter menos 41 dos 81 integrantes.
As declarações também sinalizam também a falta de convicção de Bolsonaro sobre uma eventual recuperação de seus direitos políticos.
Em junho de 2023, o TSE o sentenciou a oito anos longe das urnas por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação devido a uma agenda de julho de 2022 em que reuniu embaixadores estrangeiros para disseminar mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro.
Quatro meses depois, a Corte condenou Bolsonaro por abuso de poder político e econômico nas cerimônias do 7 de Setembro de 2022.
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