Política

À CPMI, Anderson Torres repete que minuta do golpe é ‘fantasiosa’ e iria para o lixo

O ex-ministro da Justiça voltou a afirmar que não tem conhecimento sobre a origem do documento

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Foto: Sergio Lima/AFP
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O ex-ministro da Justiça Anderson Torres declarou que a chamada “minuta do golpe”, rascunho de um decreto de estado de defesa encontrado em sua casa em janeiro, é “fantasiosa” e voltou a negar que tenha conhecimento sobre a origem do texto.

A alegação, que já havia sido feita por Torres em depoimento à Polícia Federal, foi reiterada nesta terça-feira 8, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito que apura os ataques golpistas de 8 de janeiro.

O ex-ministro sustentou que vários documentos, de origens desconhecida, eram submetidos à sua análise. Disse ainda que, em razão de “sobrecarga de trabalho”, levava esses documentos em uma pasta para casa.

Torres disse que despachava os documentos importantes, que eram encaminhados de volta ao Ministério da Justiça, e os demais eram descartados.

“No dia 10 de janeiro, durante uma busca e apreensão em minha casa, a Polícia encontrou um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta que vai para a coleção de absurdos que constantemente chegam aos detentores de cargos públicos”, afirmou.

A minuta, disse ele, teria sido um dos documentos que seriam descartados. “Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim. Uma verdadeira aberração jurídica.” Além disso, segundo ele, o papel não teria ido para a lixeira “por mero descuido”.

Ele também citou notícias da imprensa sobre outros destinatários de documentos semelhantes à minuta, e que algumas versões chegaram a circular na internet.

A relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), rebateu, afirmando que a minuta não foi encontrada em local para descarte, mas sim “bem guardada” na casa do ex-ministro, em uma pasta do governo federal, num armário, junto a itens de “especial singularidade”, como fotos de família e imagens religiosas.

Torres, por sua vez, sustentou que o documento “não estava guardado em um lugar privilegiado” e que estava “pronto para ir para o lixo”.

“Ele [o documento] saiu da minha área de atuação, ali no quarto. Por isso ele não tinha sido descartado”, alegou. “Ele estava embaixo de um porta-retratos que nós temos. Ele saiu do meu criado e foi para esse porta-retratos, provavelmente, na hora de alguém arrumando a casa. E por isso não foi destruída.”

O ex-ministro também negou que tenha orientado a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal a realizar uma operação nas estradas com foco no Nordeste, para dificultar os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para chegar aos locais de votação.

Em relação à sua viagem aos Estados Unidos, justamente na véspera do 8 de Janeiro, Torres alegou que as passagens haviam sido compradas em novembro de 2022.

Ele também negou ter recebido qualquer alerta de inteligência em relação aos ataques golpistas e afirmou que não viajaria se soubesse das suspeitas.

Torres foi preso pela Polícia Federal em 14 de janeiro, em Brasília, após retornar dos Estados Unidos, e foi solto em maio, por decisão do Supremo Tribunal Federal.

Atualmente, ele está em liberdade, mas sob a condição do uso de tornozeleira eletrônica. Antes do depoimento na CPMI, o ex-ministro havia pedido ao Supremo o direito de permanecer calado, mas, conforme a defesa havia antecipado, ele decidiu responder às perguntas dos parlamentares.

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